A taxa média de desemprego do país no trimestre encerrado em fevereiro ficou em 7,4% –superior ao percentual de 6,8% do período terminado em janeiro e ao patamar de 6,5% do trimestre findo em dezembro. O número de pessoas sem emprego subiu 950 mil no trimestre, uma alta de 11,7%.
Os dados são da Pnad Contínua, pesquisa sobre mercado de trabalho em âmbito nacional, e foram divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (9).
Desde o período de maio a junho, a tendência era ou de estabilidade ou recuo da taxa de desemprego, interrompida na taxa trimestral encerrada em janeiro diante do cenário econômico menos favorável, com juros mais alto, crédito restrito, consumo em desaceleração e sobretudo menor confiança de empresários. O resultado é também maior do que a taxa desde o período de março a maio de 2013, que era de 7,6%.
RENDIMENTO E DESEMPREGO
No trimestre encerrado em fevereiro, o número de empregados somou 92,3 milhões, com redução de 0,4% em relação ao período de três meses findo em novembro.
Já o contingente de desempregados subiu de 6,5 milhões no trimestre até outubro para 7,4 milhões no período fechado em janeiro, o que corresponde a um acréscimo de 950 mil pessoas sem trabalho –ou uma alta de 11,7%.
Os dados do IBGE revelam que cresceu a procura por trabalho, sem a contrapartida da geração de vagas. Desse modo, mais pessoas ficaram sem uma ocupação e a taxa de desemprego avançou.
Um sinal da maior procura é o ingresso de 550 mil pessoas na força de trabalho, contingente que soma os empregados e os desocupados em busca de uma colocação. O indicador teve alta de 0,6% no trimestre findo em fevereiro frente ao período de três meses encerrado em novembro.
Além da maior procura, foram cortadas 401 mil vagas no país, reflexo do ambiente econômico adverso com redução de investimentos, consumo e gastos do governo.
Pelos dados do IBGE, o rendimento médio dos trabalhadores do país ficou em R$ 1.817, com alta de 1,3%.
Na comparação com o período encerrado em fevereiro de 2014, houve alta de 1,9%.
METODOLOGIA RECENTE
A partir de janeiro, o instituto passou a divulgar informações da pesquisa a cada mês, que eram divulgadas trimestralmente. Os dados, porém, são médias móveis trimestrais (ou seja, trata-se de uma taxa encerrada a cada mês um período de três meses, acrescido dos dois meses anteriores). Esse modelo “suaviza a série” da pesquisa e atenua variações de um mês para o outro.
De todo modo, a trajetória dos períodos fechados em janeiro e fevereiro “diferem”, segundo o IBGE, da dos trimestres móveis anteriores, que apontavam redução contínua da taxa de desemprego.
Como a base de coleta dos cerca de 210 mil domicílios é trimestral, a taxa de fevereiro, na verdade, corresponde a uma média do trimestre encerrado em janeiro –no mês, apenas um terço da coleta foi realizada (cerca de 70 mil lares), por isso, não seria possível divulgar uma taxa mensal exclusiva para o primeiro mês do ano.
PNAD SUBSTITUIRÁ PME
A Pnad Contínua é mais abrangente pesquisa de emprego do IBGE. Enquanto a PME (Pequisa Mensal de Emprego) investiga as seis principais regiões metropolitanas, a amostra da Pnad Contínua coleta dados em todo o país.
A nova pesquisa irá substituir a atual PME, que só deve ir a campo até dezembro. O levantamento está, porém, ainda incompleto do ponto de visto de indicadores a serem divulgados: somente ao longo deste primeiro semestre é que serão apresentadas informações por setores e sobre formalização.
Os dados mostram que a taxa de desemprego em nível nacional se situa sempre acima daquela das metrópoles, cuja economia é mais dinâmica e mais baseada no setor de serviços –que sustentou o emprego e o PIB nos últimos anos. Pela PME, a taxa de desemprego ficou em 5,9% em fevereiro, em alta pelo segundo mês seguido.
(Fonte: Folha de São Paulo)