A safra 2021/22 de cana-de-açúcar do Brasil deve chegar a 630 milhões de toneladas, segundo a 1ª estimativa da DATAGRO, divulgada pelo CEO da consultoria, Plínio Nastari, durante a 20ª Conferência Internacional sobre Açúcar e Etanol. A produção de açúcar deverá ser de 39,65 milhões de toneladas; a de etanol, 27,56 bilhões de litros.
“Os preços do etanol devem se manter firmes até o final da entressafra, mas o mix, provavelmente será equivalente ao observado na safra 2020/21, com 47% da matéria-prima sendo direcionada para a produção do açúcar”, disse o presidente da consultoria.
No painel Perspectivas de produção e balanço oferta e demanda de açúcar e etanol no Brasil nas safras 2020/21 e 2020/22, Nastari mostrou as projeções a partir do clima seco e com chuvas abaixo da média deste março, em vários pontos do país. Segundo ele, o déficit hídrico, intensificado por incêndios criminosos e espontâneos, acabou acelerando a moagem. Também prejudicou o desenvolvimento do canavial, o que deve atrasar o início da próxima temporada, já que a entressafra deverá ser mais longa do que o habitual.
“Esse atraso vai fazer com que o produtor seja obrigado a colher cana com uma idade menor, portanto, com rendimento menor”, avisou, comentando que a ocorrência e continuidade nos próximos meses do fenômeno climático La Niña poderá impactar ainda mais este resultado.
Em relação ao Centro-Sul, a moagem da safra 2021/22 deverá ser de 575 milhões de toneladas. A produção de açúcar deve ficar em 36 milhões de toneladas, enquanto que a produção de etanol é estimada em 25,50 bilhões de litros. O rendimento industrial pode atingir 141,20 kg ATR/tc na nova temporada no Centro-Sul.
Com mediação de Mário Campos Filho, presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (SIAMIG), o painel trouxe ainda a os números da safra 2020/21, com moagem estimada pela DATAGRO em 596,39 milhões de toneladas no Centro-Sul do Brasil. Com produção de açúcar de 38 milhões de toneladas e de etanol, de 27,06 bilhões de litros. O rendimento industrial é estimado em 144,04 kg ATR/tc.
Já a produção nacional deve atingir 651,39 milhões de toneladas, produção de açúcar de 41,65 milhões de toneladas e a de etanol, 29,12 bilhões de litros.
Nastari pontuou ainda outros fatores que ocorreram durante a temporada, como a pandemia do coronavírus, que provocou a queda na demanda e oscilações de preços. “Nesta safra, o produtor de cana-de-açúcar foi do céu ao inferno, passando de uma situação favorável, para um momento complicado com a pandemia. Teve a queda no consumo interno, queda do preço do petróleo, gasolina e etanol, mas esse caminho mudou a partir de junho com a retomada dos preços”, mencionou.
Nastari citou ainda o preço do açúcar na Bolsa de Nova York (ICE), que chegou a ficar abaixo de US$ 12 c/lb, agora está cotado na faixa de US$ 14 c/lb. E dos preços do etanol, que já estão sendo negociados acima dos valores do ano passado.
Esta matéria faz parte da Edição 321 do JornalCana. Para conferir, clique AQUI.