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Cultura da cana-de-açúcar será reativada com venda da usina

Cultura da cana-de-açúcar será reativada com venda da usina

usina barbalhaMesmo com a boa expectativa de negociação da Usina Manoel Costa Filho, em Barbalha, por um grupo de empresários paulistas, até dezembro deste ano, ainda não se sabe o futuro do empreendimento. Essa é a fase mais avançada para se bater o martelo em relação à venda do empreendimento pela Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado (Adece).

Em julho deste ano, foi inaugurada a Fábrica-Escola de Cana-de-açúcar, com a finalidade de atuar na formação de novos técnicos para o setor e na produção dos derivados da cana. A gestão do empreendimento, a partir de janeiro do próximo ano, será feita através do Centec, que poderá auxiliar no fortalecimento do setor na região.

A possível compra da usina pegou de surpresa os produtores, a maioria deles desesperançados quanto à reativação do setor. A negociação com os novos empreendedores e a Adece leva em conta a recuperação da agroindústria e revitalização do setor produtivo, incluindo a matéria-prima, com investimentos em torno de R$ 170 milhões. Mesmo com um largo potencial de terras produtivas, cerca de 8.500 hectares, conforme levantamento feito pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce) em diversas cidades da região, principalmente em Crato, Barbalha e Missão Velha, muitos produtores desistiram dos plantios, prova disso é que a própria área no entorno da usina, já foi ocupada com o plantio de bananas, a cultura irrigada mais promissora nos últimos anos na região.

Desde empresários norte-americanos aos paulistas e até mesmo do Estado cearense, já houve perspectivas de negociação por parte da agência. A compra da usina foi efetuada pelo Governo do Estado, por meio da Adece, por um valor de R$ 15,4 milhões, em junho do ano passado. Uma das propostas iniciais era de que fosse formada uma cooperativa com os novos empreendedores e produtores. Outra alternativa seria negociar com empresas produtoras de aguardente. Não houve resposta dos possíveis empreendedores que alegavam até as condições do aquífero.

Falhas

O presidente da Adece, Roberto Smith, disse que neste momento a agência está em plena negociação com os paulistas. Segundo ele, os possíveis compradores acreditam que a usina fechou por falhas no processo de gestão da empresa. Outra perspectiva que anima os empresários seria o Cinturão das Águas, que irá receber as águas do Rio São Francisco. Ele disse que são vários empreendedores do setor que estão interessados em constituir uma empresa para administrar a Manoel Costa Filho. Inclusive já estiveram no local por três vezes, a última delas há oito dias.

Do montante a ser investido inicialmente com a negociação, R$ 35 milhões deverão ser aplicados na recuperação do maquinário parado desde 2004, quando a usina realizou sua última produção, já com um baixo potencial, em relação aos anos 80 e início dos 90, no auge da produção. O presidente do Sindicato dos Agricultores de Barbalha, Francisco Sérgio Pereira, disse que mesmo sem saber do que realmente vem sendo negociado, essa possibilidade já reacende a esperança de centenas de pequenos produtores.

Esses, todos os anos, têm se deslocado para outras regiões do País, para trabalhar no cultivo da cana. Normalmente vão para a agricultura canavieira no interior de São Paulo e em outras culturas no Paraná e em Minas Gerais, entre outros estados. Sérgio Pereira acredita que isso ocorre com cerca de 2 mil trabalhadores. Grande parte deles agricultores sai de localidades como o distrito de Arajara, em Barbalha, e outros municípios.

O prefeito de Barbalha, José Leite, ressalta a importância da reativação da Usina de açúcar Manoel Costa Filho para toda a região do Cariri. Ele informou que houve a apresentação do projeto de reforma das instalações e a garantia do início do funcionamento das atividades já para 2015 pelos que assumirão a usina. “O que foi passado é que os trabalhos já se iniciarão no próximo ano, porém de forma reduzida, para que em 2016 as atividades estejam a todo vapor”, antecipa.

Avaliação

Segundo o prefeito, os técnicos estão avaliando a situação e fazendo um planejamento de curto, médio e longo prazo. “É um grupo bastante experiente e com certeza vão conseguir alavancar essa produção o mais rápido possível. E isso é muito importante para nós e para nossos produtores. É mais uma alternativa, pois sabemos que na hora que tiver comprador e preço, os nossos agricultores vão estar produzindo cana, porque as nossas terras são adequadas para isso. E, agora vamos ter água suficiente para as atividades com o Cinturão das Águas”, ressalta o prefeito.

A proposta inicial é produzir açúcar, com cerca de 600 toneladas por ano, mas estará destinada também à produção dos outros derivados, como o álcool. Além disso, investir na tecnologia de reaproveitamento do bagaço da cana, com o uso de nitrogênio, fósforo e potássio (NPK), para a transformação em carvão vegetal.

O produto seria utilizado na adubação do solo, para otimizar a produtividade da cana e comercialização para outras agroindústrias do segmento. Para o secretário de Agricultura de Barbalha, Elismar Vasconcelos, o setor, como um todo, desde a produtividade da cana, teve uma queda significativa nos últimos anos. “Não tenho acompanhado de perto esse processo, mas o que tenho ouvido é animador em relação à retomada do seu funcionamento”, disse. (E.S)

(Fonte: Diário do Nordeste)