Os bondholders (detentores de títulos de dívidas) do grupo Cosan aprovaram na quarta-feira passada a cisão da companhia em duas – Cosan Energia e Cosan Logística.
Essa aprovação foi considerada a última etapa antes de a proposta ser levada aos acionistas da companhia, que deverão aprovar a transação em assembleia no segundo semestre, segundo fontes familiarizadas com a operação.
A aprovação por parte dos bondholders ocorreu dentro do prazo original estipulado pela companhia, que foi assessorada pelos bancos Bank of America Merrill Lynch, Morgan Stanley, Itaú, Bradesco e BTG.
O anúncio de proposta de cisão foi feito dia 24 de fevereiro, mesmo dia que o grupo fundado pelo empresário Rubens Ometto Silveira Mello oficializou a proposta de incorporação da América Latina Logística por sua empresa controlada, a Rumo Logística.
Na estrutura atual da companhia a Cosan SA detém todos os ativos do grupo. A proposta é fazer uma cisão dos negócios com a formação de uma segunda empresa, a Cosan Logística.
Se aprovada, a Cosan SA ficará responsável pelos ativos de energia, que incluem a Raízen Energia e Combustíveis (joint venture entre o grupo de Rubens Ometto e Shell), Cosan Lubrificantes e Radar (territórios agrícolas).
A segunda empresa, a Cosan Logística, terá a Rumo, que é o ativo de logística do grupo. Quando a Rumo se fundir com a ALL – o processo está em análise pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre) -, a nova companhia terá abaixo a Rumo-ALL.
Cada acionista da Cosan SA terá depois dessa cisão uma ação da Cosan Energia e uma ação da Cosan Logística.
Bolsa
A Rumo Logística terá seu capital aberto, mas a companhia não será uma empresa listada. Esse processo vai ocorrer para que a Rumo possa incorporar a ALL, caso o Cade e a ANTT aprovem a transação.
Hoje, a ALL tem suas ações negociadas em bolsa. No futuro, a nova companhia criada a partir da fusão entre as duas empresas terá seus papéis na Bolsa.
Criada em 2008, a Rumo foi concebida para fazer o transporte de cargas agrícolas. Junto com a operação da ALL, a nova companhia aumentará o escopo dos negócios, com ampliação da prestação de serviço.
A ALL, com cerca de 12 mil quilômetros de malha ferroviária, é responsável por mais de 50% do escoamento de soja do País.
À época do anúncio da cisão, executivos da Cosan informaram que a divisão do grupo em empresas com ativos separados daria melhor clareza aos investidores sobre qual companhia apostar na Bolsa, uma vez que os negócios são diferentes.
Simplificação
O grupo não pretende fazer a cisão da Cosan Limited. Essa companhia passará a ter ações de duas empresas.
A simplificação de reestruturação de capital da Ltd, que tem sido cogitada há alguns meses pelo controlador da Cosan, ainda é uma possibilidade, mas não tem prazo para ocorrer.
Quando e se acontecer, os acionistas da holding terão a opção de converter seus papéis das duas empresas abaixo dela. Procurada, a Cosan não comenta o assunto.
Fonte: O Estado de S. Paulo