A necessidade de uma importação adicional de açúcar divulgada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), na última sexta-feira (3), foi bem recebida pelos representantes do setor no Brasil, pois pode elevar as exportações de açúcar brasileiro ao mercado norte-americano.
O USDA anunciou uma alocação TRQ adicional de importação de açúcar de 498.952 mt, valor bruto, dos quais 317.515 mt como açúcar bruto e 181.437 mt como açúcar refinado. Assim, a cota tarifária de importação (TRQ) 2019/20 de açúcar bruto passou para 1.434.710 mt, dos 1.117.195 mt inicialmente definido em 27 de junho de 2019. No caso de açúcar refinado, o volume total passa a ser de 373.427 mt. Os volumes devem entrar nos EUA até 30 de setembro de 2020.
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“Ainda não se sabe quanto do volume será atribuído ao Brasil, mas é uma cota importante e o mercado brasileiro se destaca como um dos tradicionais fornecedores de açúcar bruto para os EUA, podendo ser um dos beneficiados, além de Filipinas e República Dominicana, entre outros. Mas os novos volumes de importação do TRQ serão definidos e distribuídos pelo representante comercial dos EUA”, explicou o presidente da DATAGRO, Plínio Nastari. O consultor destacou ainda que a realocação de cota acontece devido a alguns países exportadores não conseguirem cumprir o volume que poderiam vender para aquele mercado.
Norte e Nordeste
Caso seja solicitada ao Brasil, a cota adicional deverá ser rateada entre as unidades do Norte e Nordeste na mesma proporção da cota original. De acordo com Renato Cunha, presidente executivo da Associação de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NOVABIO) e do Sindaçúcar de Pernambuco, a performance dessas cotas adicionais de açúcar para os EUA pelas unidades do Norte e Nordeste, desde sempre foi assegurada à região por lei brasileira.
“O Norte e Nordeste desenvolveram relacionamento com as refinarias americanas e, notadamente, o açúcar originado nos portos de Recife /PE e Maceió /AL são as suas grandes plataformas de exportação adequadas para o envio desse açúcar”, disse Cunha. Segundo ele, anualmente, é feito um rateio dessas cotas adicionais com base nos números de ATR de cada usina produtora de açúcar, sendo o critério administrado pelo Ministério da Agricultura, em função da alocação das cotas ao Brasil.
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“Neste ano safra 2019/20, que vai até o final de setembro, Norte e Nordeste já tiveram uma cota original e agora deverão participar desse adicional de cota, fazendo exportações para atender às expectativas das refinarias americanas”, afirmou, comentando que a região encerra a temporada atual com 51 milhões de toneladas de cana-de-açúcar e 2.767 milhões de toneladas de açúcar.
O presidente executivo da NOVABIO e do Sindaçúcar de Pernambuco ressaltou ainda que, as plataformas de exportação à granel de Recife e Maceió efetuam embarques em conformidade com padrões internacionais de segurança, tanto para o Mercado livre mundial como para os mercados preferenciais do Brasil.