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Consumo de açúcar da Indonésia cresceu rapidamente desde 2010

Vários fatores justificam este crescimento

(Divulgação Czarnikow)
(Divulgação Czarnikow)

O consumo de açúcar da Indonésia cresceu 40% nos últimos 10 anos, 31% acima da média global. Outros grandes consumidores, como Índia e China, tiveram crescimento de apenas 7,8% e 6,8% no mesmo período, afirma a Czarnikow, trading britânica de alimentos e serviços.

Esse crescimento foi impulsionado por diversos fatores, entre eles e destacado como primeiro lugar, o país agora abriga 264,65 milhões de pessoas, um aumento de 13% em relação a 2010.

O consumo de açúcar geralmente aumenta junto com o crescimento da população, mas a economia da Indonésia também cresceu mais de 40% durante o mesmo período.

O fato significou que o PIB per capita da Indonésia aumentou drasticamente, deixando as pessoas com maiores rendas disponíveis e flexibilidade quando se trata de gastos.

Isso foi ilustrado em um estudo sobre o consumo de açúcar entre adolescentes, realizado pela Taipei Medical University e o Ministério da Saúde da Indonésia. O estudo descobriu que as pessoas nas áreas urbanas tinham maior acesso a refrigerantes e lanches adoçados com açúcar e concluiu que meninos e meninas adolescentes têm 7% mais probabilidade de consumir pelo menos uma bebida adoçada com açúcar por dia do que aqueles que vivem nas áreas rurais.

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O turismo também pode desempenhar um papel significativo no aumento do consumo de açúcar, visto que os turistas tendem a consumir grandes quantidades do alimento. A indústria do turismo da Indonésia cresceu dramaticamente nos últimos 10 anos, de 7,65 milhões de visitantes em 2011 para 16,11 milhões em 2019.

“É importante notar, porém, que isso pode ser menos motivador para a Indonésia, com os turistas de 2019 correspondendo a 5,7% da população da Indonésia, em comparação com 57,1% da Tailândia. Dito isso, o alto consumo per capita de açúcar dos turistas, combinado com um número crescente de visitantes nos próximos anos, provavelmente aumentará o consumo da Indonésia, mesmo que seja de forma menos perceptível do que na Tailândia”, afirmou o analista da trade, Albert Mackenzie.

Segundo ele, entre 2010 e 2020, a Indonésia estava se urbanizando a uma taxa de 1,27% ao ano. A Organização das Nações Unidas estima que essa taxa cairá para 1,04% entre 2020 e 2030. Essa taxa de urbanização, apesar de ser mais lenta, deve continuar a impulsionar o crescimento do consumo de açúcar.

“À medida que a Indonésia se torna mais desenvolvida, devemos ver a lacuna entre o consumo urbano e rural diminuir, com produtos açucarados se tornando mais acessíveis nas áreas rurais”, explicou.

Ameaças ao consumo de açúcar da Indonésia

O analista avalia ainda que, com a crescente conscientização sobre as questões de saúde relacionadas ao açúcar e uma economia afetada pela covid, parece provável que alguma forma de imposto sobre o açúcar seja introduzida na Indonésia como forma de o governo aumentar a receita tributária.

Um relatório da Food Industry Asia (2019) destacou que 99% dos consumidores indonésios estavam tentando tornar sua dieta mais saudável, com 29%, 31% e 33% dos indonésios procurando reduzir o consumo de alimentos processados, bebidas açucaradas e lanches açucarados respectivamente.

“Não são apenas os consumidores que pretendem reduzir o uso de açúcar. Uma ampla pesquisa do setor, novamente conduzida pela Food Industry Asia, descobriu que muitos fabricantes estão reformulando seus produtos para reduzir o teor de açúcar. 83% das empresas já começaram a reformular as bebidas para reduzir o açúcar e outros 11% pretendem fazê-lo em breve. Essas mudanças certamente impactarão o consumo, mas é importante ressaltar que, mesmo que consumidores e produtores pretendam reduzir o consumo, isso não significa que o farão”, ponderou.

Outra coisa a se ter cuidado ao prever o crescimento do consumo de açúcar é o aumento do uso de adoçantes alternativos que estamos vendo em todo o mundo. Em muitos países, o crescimento do consumo de açúcar está sendo consumido pelos HFCS. Por exemplo, no início de 2010, Czarnikow e várias outras fontes previram que, em 2020, a China consumiria mais de 25 milhões de toneladas do alimento  por ano. No entanto, o consumo anual da China ainda deve ultrapassar 16 milhões de toneladas. Isso se deve, em parte, ao aumento do uso de HFCS na China, ocupando cerca de 20% de sua demanda de adoçantes.

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Da forma como está, o HFCS é responsável por uma porcentagem muito pequena do uso de adoçantes na Indonésia (1,35% em 2020). Suspeitamos que isso ocorre porque há uma alta tarifa de importação sobre o HFCS (mais de 20%), tornando o açúcar uma opção mais barata para os consumidores atualmente. “Não achamos que essas obrigações mudarão, pois o governo não deseja prejudicar as indústrias locais de moagem e refino”, ressalta Mackenzie.

Ele cita ainda que é preciso observar como outros consumidores de grande escala se desenvolveram, como no caso da Malásia onde o consumo de açúcar é de 50 kg per capita. “Achamos que isso ocorre porque a Malásia é incrivelmente urbanizada e seu PIB é cerca de três vezes o da Indonésia em uma base per capita”, explica.

Mackenzie alerta que não são os únicos prevendo esse crescimento no consumo da Indonésia. “Uma empresa de plantação estatal da Indonésia, PTPN, prevê um crescimento de 21,7% entre 2020 e 2025 e 40,6% entre 2020 e 2030. Em outro lugar, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê que o crescimento do consumo da Indonésia entre 2020 e 2030 perderá apenas para a Índia. A OCDE também acredita que a Indonésia em breve será o maior importador de açúcar do mundo e deverá importar 7,5 milhões de toneladas até 2030, ante 5 milhões de toneladas este ano”, elucida.

O analista conclui afirmando que a estimativa da trade é de que o consumo de açúcar chegue a 9,5 milhões de toneladas em 2030, um aumento de 28% em relação a 2020.

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