O Centro de Eventos Zanini, em Sertãozinho – SP, recebeu entre os dias 19 e 21 de julho, o Congresso da Aviação Agrícola AvAg 2022, considerado o maior encontro de aviação agrícola do país e da América Latina. O evento é organizado pelo Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag).
A edição deste ano, comemorou os 75 anos da aviação agrícola brasileira, que hoje tem a segunda maior frota do mundo. São quase duas mil e quinhentas aeronaves utilizadas para aplicação de defensivos, fertilizantes e até para a semeadura. Segundo o presidente do Sindag, o Thiago Magalhães Silva, atualmente, 60% da frota é de aeronaves de empresas terceirizadas.
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A aviação agrícola vem contribuindo com o crescimento do agronegócio, sendo cada vez mais utilizada por produtores de cana-de-cana e de outras lavouras. Prova disso, são as vendas do Ipanema, modelo da Embraer. Movido a etanol, se tornou o primeiro avião da Embraer certificado e produzido em série para voar com energia renovável, liderando uma ampla frente de atuação histórica da companhia em pesquisas e utilização de biocombustíveis na aviação.
A aeronave é líder de mercado no segmento de pulverização aérea, com 60% de participação nacional, com quase 1,5 mil unidades entregues desde 2005, quando começou a ser comercializada. No ano passado, a divisão de aviação agrícola da Embraer encerrou com 42 aeronaves Ipanema entregues, um aumento de 90% em comparação a 2020.
Este ano, somente na Agrishow Ribeirão Preto, realizada no fim de abril, foram vendidas 11 aeronaves do modelo 203, o mais moderno da série. O Ipanema 203 incorpora as mais recentes inovações tecnológicas do segmento e ultrapassa o número de 130 aeronaves em operação no país. A família de aeronaves Ipanema está em sua quinta geração.
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A aviação agrícola muito contribuiu também no combate aos incêndios. Só no ano passado, conforme levantamento do Sindag junto a empresas do setor e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a aviação agrícola brasileira lançou quase 20 milhões de litros de água contra chamas no Pantanal, Chapada dos Veadeiros, Cerrado Nordestino e outras áreas de reservas, além de incêndios em lavouras no país.
Diante de um mercado aquecido, o Congresso AvAg em Sertãozinho, cresceu este ano, mais de 50% em participação de empresas de tecnologias, equipamentos (incluindo fabricantes de aviões e drones) e serviços. Abrangendo ainda iniciativas como um concurso de pesquisas acadêmicas sobre o setor, competição de mecânicos, homenagens aos pioneiros, entre outros assuntos.
Durante o congresso houve o lançamento da plataforma BigData Aeroagrícola, que vai reunir dados de todas as agências que lidam com o setor. Por exemplo, frota de aeronaves e de drones, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), levantamentos sobre acidentes aeronáuticos – do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), e o índice de Inflação da Aviação Agrícola (Iavag).
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Todos os itens com opções de desdobramento das informações e mostrando também o desempenho de ações de melhoria contínua do Sindag.
Clóvis Gularte Candiota, o patrono do setor aeroagrícola brasileiro, deu nome à arena principal de palestras e debates do evento. Ele foi o primeiro piloto agrícola e um dos primeiros empresários aeroagrícolas do país, junto com o engenheiro agrônomo Leôncio de Andrade Fontelles, que emprestou o nome ao auditório de apresentações técnicos e produtos.
Eles foram protagonistas da primeira operação de aviação agrícola no Brasil, na tarde de 19 de agosto de 1949, no combate a uma nuvem de gafanhotos na cidade de Pelotas – RS.
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Já a primeira brasileira a pilotar em uma operação agrícola foi lembrada na Praça Ada Leda Rogato, dentro do espaço da feira. A paulista teve sua primeira missão aeroagrícola em pleno sábado de carnaval, mostrando que, desde sempre, o agro não para. Isso no dia 7 de fevereiro de 1948, menos de seis meses depois do voo de Candiota e Fontelles e, desta vez, para combater a broca-do-café em cafezais entre os municípios paulistas de Gália, Garça, Marília e Cafelândia. Na ocasião, ela pilotou um CAP-4 Paulistinha, de 65 hp, a serviço do Instituto Brasileiro do Café (IBC).