O Sistema TEMPOCAMPO, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), estima uma recuperação da produção de cana-de-açúcar no Centro-Sul brasileiro, em relação à safra 21/22, com valores variando de 530 a 578 milhões de toneladas, superando a safra passada que ficou na casa dos 520 milhões, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica).
Essa projeção de aumento na produtividade em relação à safra anterior tem como base uma melhora climática. Segundo o coordenador do Sistema, Fábio Marin, em novembro, as chuvas oscilaram em torno da média e em dezembro tiveram bons volumes em Minas Gerais e no Norte de São Paulo.
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“O clima é de recuperação em relação ao ano anterior. Mas não é uma safra excepcional. Segundo Marin, o coeficiente de produtividade deve aumentar entre 10% e 15%, mas isso ocorre porque a produtividade da safra anterior foi muito baixa. “Mesmo no cenário negativo, parte de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais apontam uma recuperação”, ressaltou.
La Niña até maio
O fenômeno La Niña deve trazer chuvas abaixo da média para o Sul do Brasil, mas até o momento as lavouras de cana não foram tão impactadas como as de soja. A situação mais crítica, como frisou Marin, ocorre em praticamente todo o Paraná, centro e oeste de Santa Catarina e oeste e Norte do Rio Grande do Sul.
“A gente tem acompanhado o caso da Bahia, do Tocantins, com chuvas recordes, mais de 500mm em um mês, muitos danos para as famílias que estão desabrigadas. Isso pode ser colocado na conta do La Niña, que é o resfriamento das águas do Oceano Pacífico na zona Equatorial, que influi no regime de chuvas no Brasil”, explicou Marin.
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Segundo ele, o fenômeno deve permanecer pelo menos entre abril e maio no país, com chuvas acima da média no norte, abaixo no sul e uma transição em São Paulo e Mato Grosso do Sul.