Com uma produção prevista de 50 milhões de toneladas, 4% acima das safras de verão e safrinha anteriores, o milho terá uma super-safra em 2015.
O problema está em escoar não só essa produção prevista, mas dar fim aos elevados estoques do grão, já que os armazéns das principais regiões produtoras do país (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás, entre outros) estão abarrotados também com parte da soja colhida nesse ano.
Exportar seria a saída, até porque o dólar acima de R$ 3 é um atrativo extra. Mas o mercado externo não responde positivamente. A China, conforme apurado pelo portal JornalCana, está devidamente estocada e com produção suficientes para o consumo interno.
Apesar da previsão de queda da produção de milho nos EUA da ordem de 4,1%, segundo avaliação da consultoria Agroconsult, chegando a 346 milhões de toneladas, ante as 361 do ciclo 14/15, o mercado internacional patina por conta dos estoques disponíveis.
Resta o mercado interno para o milho brasileiro. Durante o seminário Perspectivas para o Agribusiness 2015 e 2016, realizado na terça-feira (16/06) pela BM&FBovespa e Ministério da Agricultura na capital paulista, o grão foi tema de rodada de debates.
Fernando Pereira, da Agroceres, e um dos debatedores, lembrou que metade das previstas 49 milhões de toneladas a serem produzidas tem mercado consumidor garantido. E a outra metade?
Um representante do Banco do Brasil, presente ao debate, questionou se o milho excedente não pode ampliar a oferta de matérias-primas para a produção de etanol. Esse questionamento também foi feito por Luiz Silvestre Coelho, da trader Sucen, em outra rodada no mesmo evento.
André Pessôa, diretor da Agroconsult e palestrante da rodada sobre milho, lembrou que o grão até pode engrossar a destinação para fazer etanol, mas é uma saída paliativa.
Leia mais: Cargill e USJ farão etanol de milho a partir de dezembro
Primeiro porque, segundo ele, a oferta excedente no Mato Grosso, onde estão duas das destilarias flex (Libra e Usimat) que fazem o biocombustível com cana-de-açúcar ou milho, seria suficiente para um determinado período. A oferta de milho safrinha no Estado, segundo a Conab, deve passar de 18 milhões de toneladas e boa parte desse volume será extra.
“O problema é dar destinação final, de consumo, para esse etanol que poderia ser feito com o milho extra”, lembrou Pessôa. Segundo ele, o mercado consumidor próximo das usinas não é suficiente para atender a uma produção extra do biocombustível.
E transportar o etanol do MT para outras regiões exigiria custos extras de frete, combustível etc. “Se for para transportar etanol com viabilidade, melhor levar o milho”, disse.
O milho é empregado para fazer etanol no período da entressafra da cana-de-açúcar, entre janeiro e março na região Centro-Sul do país.
A Usimat, implantada em 2011 no município de Campos de Júlio, processou 342 mil litros de etanol de milho por dia, empregando 900 toneladas do grão, em uma média de 2,6 quilos de milho por litro. No total, a safra 14/15 da unidade geraria 62 milhões de litros.
Já a Libra fica no município de São José do Rio Claro, também no Mato Grosso.
Leia mais: Justiça concede recuperação judicial para a Libra