Começa oficialmente hoje, dia 1º de abril, a safra 2014/15 de cana-de-açúcar na região Centro-Sul do Brasil com poucas notícias boas no campo climático. Depois de chuvas abaixo da média no verão, a meteorologia prevê para os primeiros dois meses de outono chuvas acima da média nas áreas canavieiras. As precipitações não são bem-vindas pois tendem a interromper a colheita e a moagem da cana.
Segundo a Somar Meteorologia, a região de Ribeirão Preto (SP), a mais tradicional sucroalcooleira do país, deve receber em abril 70 mm de chuvas, um pouco acima da média de 60 mm dos últimos 30 anos. O maior inconveniente para moagem deve vir em maio, quando são esperadas precipitações de 100 mm para essa região, ante uma média histórica de 40 mm.
“Até o fim de junho, o outono tende a ser muito semelhante ao de 2013, mas com menos ´invernadas´, ou seja, períodos longos de chuvas”, explicou o agrometeorologista da Somar, Marco Antônio dos Santos. No entanto, disse ele, as chuvas vão ocorrer em dois ou três dias seguidos, de forma a interromper os trabalhos de colheita nas usinas.
O padrão das chuvas em Ribeirão Preto pode ser estendido às outras regiões canavieiras do Centro-Sul, segundo o agrometeorologista. “O nível de precipitações em relação à média histórica de cada região tende a ser semelhante”, disse.
Segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), na safra 2013/14, encerrada oficialmente ontem, o aproveitamento de moagem foi de 72% do tempo disponível. O percentual inclui perdas de tempo devido à ocorrência de chuvas e também por problemas decorrentes da mecanização, como paralisação para limpeza do maquinário da usina.
Antes da mecanização da colheita, esse índice de aproveitamento era de 85%, afirma o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues. “As máquinas precisam de um intervalo maior de tempo seco após a chuva para entrar novamente no campo”, diz.
Para junho, a Somar prevê chuvas de 28 mm, praticamente dentro da média histórica para o mês, de 30 mm. O especialista da Somar lembrou ainda que o clima mais úmido tende a reduzir o níveis de açúcar contido na cana, o chamado ATR (Açúcar Total Recuperável). Ele acrescentou que neste momento ainda não é possível afirmar se há uma forte tendência de haver geadas no inverno, que começa no fim de junho.
Fonte: Valor Econômico