
A incidência de Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o etanol hidratado no estado do Espírito Santo é de 27%. Lideranças do setor sucroenergético regional e nacional, ligadas ao Fórum Nacional Sucroenergético, empregaram investimentos para reduzir o percentual, mas não houve sucesso.
Como resultado,
, a alta incidência do ICMS, que torna o Espírito Santo o de maior cobrança sobre o hidratado, desestimula as cinco usinas sucroenergéticas em atividade no estado a ampliar a produção do biocombustível.
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Ainda não há estimativas oficiais sobre quanto da cana-de-açúcar da safra 2016/17 será destinada para fabricar etanol hidratado. Conforme o Portal JornalCana apurou junto a empresários capixabas, a safra prestes a começar terá mais oferta de cana, porém ela deverá ir para a produção de açúcar.
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“Não compensa pagar tanto de imposto”, desabafa representante do setor sucroenergético do Espírito Santo.
Antonio Carlos de Freitas, integrante do Fórum Nacional Sucroenergético e diretor de Negócios da Usina Paineiras, o ICMS desestimula. “Não há mercado para hidratado no Espírito Santo”, afirma.
Segundo ele, compensa moer menos cana-de-açúcar por dia, gastar mais vapor e fazer mais etanol anidro, em referência a esse tipo de biocombustível.
Moagem de 600 mil
Para a safra 16/17, a Usina Paineiras, localizada no litoral Sul do estado, projeta moagem de 600 mil toneladas de cana-de-açúcar, ante a desastrosa moagem de 200 mil toneladas na temporada anterior. A drástica oferta foi por conta da seca, que penalizou o litoral sul.
Mesmo com a meta de 600 mil toneladas, a Paineiras irá operar metade de sua capacidade industrial. “Mas estamos plantando mais cana, e canaviais considerados perdidos estão se recuperando com as chuvas do começo do ano”, diz Freitas, para quem a safra 17/18 também terá mais oferta da matéria-prima.
Enquanto espera por mais oferta, a Paineiras, diz o executivo, ficará focada no açúcar: o mix da 16/17 será de 60% para açúcar e 40% para etanol.
Usinas em operação
As usinas de cana-de-açúcar em operação no Espírito Santo são: Albesa, no município de Boa Esperança; Alcon e Disa, ambas no município de Conceição da Barra; Lasa, no município de Linhares; além da Paineiras, no litoral sul.
Conforme o representante do Espírito Santo no Fórum Nacional Sucroenergético, a previsão é de que as cinco unidades sucroenergéticas realizem moagem de 4,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 16/17. Na 15/16, foram moídas 2,8 milhões de toneladas de cana.
Segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o estado do Espírito Santo contou, na safra 15/16, com canaviais em 64,81 mil hectares. A produção prevista foi de 66,69 mil toneladas de açúcar, 115,7 milhões de litros de etanol anidro e 39,7 milhões de litros de hidratado.