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Com foco na otimização de insumos, Atvos investe em Biofertilizante

Biotecnologia ProBiom, desenvolvida pela BiomCrop, voltada à agricultura regenerativa, é aposta das unidades para aumentar produtividade dos canaviais

Com foco na otimização de insumos, Atvos investe em Biofertilizante

A crise de fertilizantes agravada pela guerra entre Rússia e Ucrânia intensificou a utilização de insumos biológicos para o canavial. Em paralelo a isso, na medida em que mais opções surgem no mercado, também é preciso estar atento às melhores e mais recentes práticas de manejo sustentável.

Diante deste cenário, a BiomCrop, empresa de Leme – SP, especializada em agricultura regenerativa, investe no desenvolvimento de produtos naturais, disponibilizando ao mercado biofertilizantes capazes de regenerar a biodiversidade do microbioma do solo, aumentando a disponibilidade de nutrientes e diminuindo custos de produção, pois podem ser fabricados nas propriedades rurais (on farm) com tecnologia e suporte da BiomCrop, entre outros benefícios.

“As células de multiplicação da BiomCrop, denominadas Célula Regenerativa ProBiom – CRP, são instaladas nas fazendas e produzem o biofertilizante”, explica Alan Pavani, diretor de Marketing e Inovação da BiomCrop. Segundo ele, as unidades sucroenergéticas vêm investindo cada vez mais nesse segmento em consonância com as práticas ESG, focando na sustentabilidade e redução de custos.

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Entre elas se destaca a Atvos, que, na safra 2021/22, moeu 22,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar em suas unidades agroindustriais, distribuídas pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo. No último ciclo, também produziu 1,67 bilhão de litros de etanol, cerca de 400 mil toneladas de açúcar VHP, além de ter cogerado 1,55 mil GWh de energia elétrica a partir do bagaço da cana.

A companhia, que já adota o manejo de produtos biológicos há vários anos, investe agora na biotecnologia ProBiom (componente para a produção de um biofertilizante repositor de biodiversidade do solo) fornecida pela BiomCrop.

“Iremos reforçar o pilar de microbioma de solo, avaliando esta nova tecnologia que permite a recomposição da biodiversidade dos microrganismos que a prática do monocultivo reduziu ao longo dos anos. Essa reposição será essencial para otimizar o nosso sistema produtivo em uma linha de agricultura regenerativa.

Temos algumas outras linhas de trabalho no segmento de biológicos em parcerias com outras empresas que serão de grande valia para o grupo”, afirma o gerente de Planejamento da Atvos, Fernando Zola.

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Segundo Zola, o objetivo da adoção do ProBiom foi, principalmente, acompanhar o aumento da eficiência nutricional proporcionado pela maior disponibilidade de nutrientes no solo, como é o caso do fósforo (P), além da busca pela estruturação do solo, que irá otimizar as operações agrícolas e aumentar o volume de raízes, favorecendo também a retenção de carbono no solo, importante para as práticas de ESG.

“São mais de 500 microrganismos atuando no ciclo do fósforo e do nitrogênio, na tolerância ao estresse hídrico e também na sanidade da cultura. Algo que vemos como diferencial desta tecnologia é que a regeneração da microbiota do solo inclui microrganismos locais. Sabemos que isso tem grande importância, temos que buscar o que de fato é mais otimizado em sua região. Não adianta tratarmos todas as lavouras da mesma forma, pois temos áreas de plantio localizadas em diferentes biomas e temos a possibilidade, com a utilização da tecnologia BiomCrop, de customizar nossas necessidades, no caso do microbioma, de acordo com cada região onde estamos instalados”, explica Zola.

O gerente afirma que a adoção da metodologia dos 3 B’s (Biotecnologia, Biogeografia e Biomonitoramento) da BiomCrop será importante para aumentar a sustentabilidade do sistema produtivo, por exemplo, otimizando insumos e aumentando também a retenção de carbono no solo, práticas importantes ligadas ao RenovaBio.

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Fernando Zola, gerente de Planejamento da Atvos

“A vantagem da adoção do biofertilizante em relação a produtos isolados está na robustez, pois como o ProBiom contempla diferentes fontes regionais de inóculo, a consistência dos resultados é superior, uma vez que os microrganismos isolados normalmente são trazidos de outras regiões, com clima e temperaturas diferentes da realidade da Atvos“, esclarece.

Zola também destacou a sinergia da nova biotecnologia. “Continuaremos a investir em manejo biológico de solos, pragas e doenças, e a tecnologia proposta pela BiomCrop apresenta sinergia com os produtos que já utilizamos no canavial. Pensando no aspecto operacional, o produto irá substituir parte da água nas aplicações de defensivos agrícolas, por exemplo. Como existe compatibilidade, iremos utilizar o ProBiom em vez de água nas operações até atingir a dose recomendada, que é de 300 L/ha”, disse.

Outro ponto extremamente relevante que ajudou a tomar a decisão de adotar a tecnologia é o biomonitoramento oferecido pela BiomCrop: o acompanhamento da evolução da qualidade biológica do solo e o impacto do biofertilizante na disponibilidade de nutrientes e produtividade da cana, ajudarão a Atvos na tomada de decisão de manejo.

Com relação à otimização de insumos, a empresa de bioenergia avalia a possibilidade em relação ao nitrogênio e fósforo. “Mas essa otimização dos insumos é algo que tem que ser adotado com muito critério analítico. Precisamos, primeiramente, avaliar os resultados e, concomitantemente, com as recomendações técnicas adotadas pela Atvos , fundamentadas em análises de solo e histórico, tomarmos as melhores decisões para a empresa. Mas é uma possibilidade real, pois sabemos que a disponibilização de nutrientes para as plantas é feita por microrganismos, e como os solos vêm sendo adubados com fósforo há muitos anos, o estoque do nutriente é grande. O problema é que boa parte dele não está na sua forma disponível para as plantas. E é aí que entram os microrganismos“, elucida Zola.

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Atualmente, a biotecnologia da BiomCrop vem sendo implementada em uma das nove unidades da Atvos. “Vamos acompanhar os resultados desta nossa primeira planta. Sabemos do grande potencial da tecnologia, acompanhamos os resultados de outras usinas, que foram muito interessantes, e agora temos a possibilidade de levantar os nossos próprios dados para posteriormente estendermos aos outros polos da Atvos no médio/longo prazo”, informa.

Além da tecnologia ProBiom, a BiomCrop segue trabalhando em busca de novas soluções. Em parceria com a Esalq-USP, está desenvolvendo um novo conceito de produto biológico para reposição da biodiversidade do solo.

Com expectativa de lançamento em março de 2024, o novo produto tem como base os metabólitos provenientes da elevada biodiversidade de microrganismos, que melhoram o desenvolvimento da planta, das raízes e aumentam a disponibilidade de nutrientes, contribuindo com a otimização dos insumos de produção.

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Segundo o professor da Esalq-USP, Ítalo Delalibera Júnior, que também está participando do projeto, existem bilhões de dólares em fosfato (fósforo) no solo brasileiro. Em pouco tempo (depois de aplicado), metade não está disponível para a planta. Ou seja, o produtor tem, no solo, um banco de nutrientes que iria conseguir acessar usando compostos orgânicos, produzidos por microrganismos. As enzimas liberadas no ambiente deixam esses nutrientes solúveis para as plantas assimilarem”, explica o professor.

Esta é a matéria de capa da edição 343 (Fevereiro/março) do JornalCana. Para ler, clique aqui.