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“CIDE deveria ter valor mais alto”

Constatação é de Martinho Seiiti Ono, CEO da trading SCA Etanol do Brasil

Martinho Seiti Ono — Foto: Alessandro Reis
Martinho Seiti Ono — Foto: Alessandro Reis

Para Martinho Seiiti Ono, CEO da trading SCA Etanol do Brasil, diante da crise provocada pelo baixo preço do petróleo e a crise sanitária, que assola o mundo, não há como prever qual será a queda real em termos de demanda e qual será a precificação no futuro, pois tudo ainda é incerto. “É difícil traçar um cenário tangível nesta fase, todo mundo está vivendo uma experiência cada dia, e isso torna totalmente imprevisível você fazer qualquer diagnóstico sobre o futuro da safra como um todo”, esclareceu.

Para o executivo o cenário há 40 dias era extremamente otimista em relação à safra atual. “Tínhamos um cenário favorável para o açúcar e para o etanol nacional, porém o coronavírus, assim como o conflito com os grandes produtores de petróleo, mudou todo o cenário e ainda não sabemos quais são as consequências que esses problemas irão gerar”, disse.

Para o CEO da trading SCA Etanol do Brasil seria indicado o Governo aumentar a incidência da Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE), neste momento. O imposto sobre os combustíveis está zerado para o diesel desde a greve dos caminhoneiros e a cobrança na gasolina é de 10 centavos por litro.

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“A finalidade da CIDE é exatamente para essas ocasiões, e com o preço do petróleo baixo como agora, o imposto deveria ter valor mais alto. O imposto serve como um colchão para amenizar a alta do petróleo e defender a indústria sucroenergética”, justificou. Outra forma de melhorar a competitividade do etanol hidratado seria suspender temporariamente a cobrança do PIS e Cofins que totaliza 24 centavos, reforçou Seiiti Ono.

O executivo lembrou que o Próalcool foi criado na década de 70, há 50 anos, em um momento em que o petróleo estava em alta e havia uma escassez no mundo. “O Brasil era importador e o setor investiu bilhões de reais na indústria, no campo e na agrícola para criar uma alternativa de suprimento no País. Agora estamos vivendo um cenário inverso, com o petróleo baixíssimo. É preciso reconhecer o capital investido, os empregos, todos que estão atrelados ao setor sucroenergético e defender esse segmento, que apostou muito na política de abastecimento do País”, justificou, completando “Nós precisamos de ter agora um equilíbrio para manter o setor produtivo do sucroenergético abastecido e forte economicamente”, ressaltou.