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Chammas revela quais são os futuros desafios após três anos comandando a Biosev

Chammas: companhia segue investindo de forma contínua em linha com plano de negócios
Chammas: companhia segue investindo de forma contínua em linha com plano de negócios

No final de 2013, Rui Chammas tornou-se presidente da Biosev, segunda maior produtora de açúcar e etanol do Brasil, controlada pela francesa Louis Dreyfous Group. Formado em engenharia pelo ITA — Instituto Tecnológico de Aeronáutica, o paulistano trabalhou quinze anos na Rhodia e outros onze na Braskem. Casado e pai de dois filhos, Chammas dedica seus momentos livres à família. “Quando tenho um tempo gosto de ler e jogar golfe”, conta.

Porém, no exercício da profissão o executivo enfrentou tumultuados desafios ao assumir o conglomerado de doze unidades. A falta de políticas de preços de combustíveis fósseis em detrimento do renovável e os baixos preços do açúcar no mercado internacional montavam um cenário extremamente desafiador, que para ele foi superado com trabalho operacional e financeiro disciplinado — e com a ajuda dos atuais bons preços do açúcar, diga-se de passagem.

O comandante da Biosev ressalta que parte deste sucesso se deve, outrossim, a um conjunto de atuações que só é possível graças ao suporte de sua equipe corporativa e a proximidade às operações. Seus diretores das áreas de operações, agrícola, originação e de competividade e as suas equipes corporativas, por exemplo, estão instalados na região de Ribeirão Preto (SP) onde está concentrada metade da capacidade produtiva do grupo.

— Otimizamos os processos e reduzimos a dívida da companhia. Além disso, atuamos com força na criação de um modelo de gestão mais decentralizado. Com autonomia e responsabilidade, os líderes agroindustriais em cada um de nossos polos e usinas tomam decisões rápidas e adaptadas à cada região, revela.

Três anos depois, e agora como um dos mais expressivos líderes do setor de cana-de-açúcar, Rui Chammas falou com exclusividade ao site do JornalCana sobre desafios e expectativas futuras, importação de etanol, estratégia para as usinas do grupo no Nordeste e seus pensamentos sobre os presidentes Temer e Trump. Confira a seguir.

Como está o setor após estes três anos de gestão na Biosev?

Apesar das turbulências no ambiente macroeconômico e político no Brasil, observamos uma melhora para o setor. Os preços do açúcar tiveram recuperação, como reflexo da redução de estoques globais e do déficit de açúcar no mercado global, prevendo-se impacto positivo nas próximas safras. Houve ainda aumento na demanda de etanol até 2015, combinado a melhores preços, com a elevação gradual da paridade em relação aos preços da gasolina.

A Biosev pretende adquirir novas unidades?

Investimos de forma contínua em linha com nosso Plano de Negócios em todas as áreas e unidades da companhia com muita disciplina e visão de longo prazo. Percebemos um valor muito grande a extrair em todas as nossas unidades.

Quais estratégias serão usadas nas usinas no Nordeste?

Assim como em todo o mercado agrícola, a seca impacta muito, e o que fizemos foi investir pesado em irrigação. Na safra vigente, rodamos com todo o ativo existente. Mas os tratos culturais no Nordeste estão baseados na água, porque não adianta colocar fertilizantes onde não há cana. É preciso colocar água para que a cana não morra. Por isso iniciamos um piloto de irrigação por gotejamento. No Nordeste, mais de 50% de nossas terras recebe algum tipo de irrigação: por gotejamento ou fertirrigação. O ATR do Nordeste veio muito forte na 16/17, por conta do estresse hídrico e deve encerrar a safra em alta.

Haverá aumento na capacidade instalada do grupo?

Não estão previstos aumentos de capacidade de moagem instalada, porém, temos um plano que visa o aumento da produtividade de nossos canaviais, permitindo maiores taxas de utilização da nossa capacidade.

Quais são estes planos?

Entre as iniciativas, adotamos o uso de georreferenciamento do canavial, o que favorece e otimiza a automatização do plantio e da colheita e a utilização de VANTs — Veículos Aéreos Não Tripulados para fins de identificação de falhas no canavial. Na última safra, concluímos o projeto piloto de irrigação por gotejamento no Polo NE, na unidade de Estivas. Com essa tecnologia será possível aumentar a produtividade e a longevidade do canavial, reduzir os custos de produção por tonelada de cana e elevar a eficiência no aproveitamento da água e insumos.
Outro desenvolvimento tecnológico em andamento é a utilização de MPB —Mudas Pré-Brotadas . A adoção dessa tecnologia permite a produção de cana a partir de mudas devidamente selecionadas e de alta qualidade, livres de doenças e pragas, o que garante uma taxa de multiplicação maior quando comparada com o sistema de plantio tradicional devido ao alto vigor dos materiais. Na safra 15/16, foram plantadas mais de três milhões de mudas com essa nova tecnologia que servem ao desenvolvimento de variedades bem como o controle de população de canaviais maduros.

O que o senhor pensa sobre a gestão de Michel Temer relacionada ao setor?

O governo tem sinalizado com caminhos positivos para dialogar com o setor. O Brasil precisa de políticas públicas claras e definidas para o setor, que atualmente é o mais competitivo do mundo. Estou certo que isto deverá

E Donald Trump, favorecerá o setor?

Os Estados Unidos estão em um processo de transição de governo e ainda não foi possível conhecer os planos do futuro presidente Donald Trump para o Brasil e América Latina. O mandato norte americano de etanol crescente para 2017 se apresenta como um elemento importante de crescimento de uso de combustível renovável no mundo.

A BIOSEV EM NÚMEROS

Para saber a capacidade instalada e os dados produtivos completos das unidades produtoras da Biosev, clique aqui.