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Centro-Sul deve produzir 37 milhões de toneladas de açúcar na safra 2023/24

Archer Consultoria avalia que esse volume deve compensar redução do total de exportação indiana

Centro-Sul deve produzir 37 milhões de toneladas de açúcar na safra 2023/24

“O Centro-Sul deve produzir 37 milhões de toneladas de açúcar na safra 2023/24, volume significativo que deve compensar adequadamente uma eventual redução do total de exportação indiana”, afirma avalia Arnaldo Luiz Corrêa, da Archer Consultoria.

Segundo o consultor, o mercado de petróleo (WTI), que não se recuperou do tombo levado em junho do ano passado, continua num intervalo aborrecido de 75-83 dólares por barril. O gás natural caiu 47% este ano., diesel 16%, gasolina 6%. O real se valoriza em relação ao dólar e chegou a ser negociado nesta semana a R$ 4.9400.

A valorização da moeda brasileira no ano já ultrapassa os 5%. Assim, se essa tendência se mantiver, o preço da gasolina deve ser reajustado para baixo, pressionando ainda mais o já combalido hidratado. Portanto, “quem puder produzir mais açúcar, o fará”, argumentou.

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Ao analisar os fatores por trás da alta do açúcar no mercado em Nova York, Correa estabeleceu quatro pilares: fundos especulativos, fixação dos volumes das exportações brasileiras entre 65/70%, consumidores industriais como protagonistas e volume vendido a descoberto de opções de compra, que sustentam alta inesperada do mercado futuro de açúcar em Nova York.

Segundo o consultor da Archer, “os fundos especulativos, construíram seu long (posição comprada) ali perto dos 18.50 centavos de dólar por libra-peso e estão muito confortáveis com essa posição; as usinas brasileiras estão suficientemente fixadas (entre 65-70% do volume de exportação) para a safra que se inicia em março/abril e, portanto, estão impedidas de prover liquidez para as compras vorazes dos especuladores.

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Arnaldo Correa

Com menos usinas atuando como contraparte, os fundos deslocaram a curva de preços do açúcar para cima com uma quantidade de lotes bem menor; o terceiro pilar tem os consumidores industriais (finais) como protagonistas, pois postergaram novas compras ou a reposição dos estoques decrescentes apostando que o mercado ofereceria mais produtos a preços menores em função do quadro fundamentalista.

Já o quarto pilar, um razoável volume vendido a descoberto de opções de compra fora-do-dinheiro que originalmente ambicionava apenas capturar prêmio, se viu numa situação cuja neutralização do risco eminente obrigava a compra de futuros.

Corrêa informa que NY encerrou a sexta-feira cotado a 21.23 centavos de dólar por libra-peso no vencimento março/23, após ter negociado 21.86 centavos de dólar por libra-peso na semana. O fechamento de sexta corresponde a 2,513 reais por tonelada, considerando a cotação do Banco Central do Brasil de R$ 5,1292 por dólar.

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Segundo ele, no acumulado do ano, o contrato futuro de mar/23 em NY já se valorizou 119 pontos correspondentes a pouco mais de 26 dólares por tonelada. Os contratos com vencimentos seguintes tiveram valorização entre 9 e 28 dólares por tonelada, com os vencimentos curtos apreciando mais que os vencimentos longos.

O mercado chegou a subir 200 pontos em 6 sessões e a posição em aberto (saldo mantido pelos participantes do mercado) cresceu 70,000 lotes. O volume em aberto nas calls (opções de compra) – questão que impacta o quarto pilar acima mencionado – com preço de exercício entre 20 e 22 centavos de dólar por libra-peso, com vencimento para março/23, que expiram daqui a duas semanas, soma 66,500 lotes.

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De acordo com a Archer, os números publicados na última quinta-feira (2), pela ISMA (Indian Sugar Mills Association), a principal associação das usinas indianas, mostrava que o país produziu até o final de janeiro, 19.35 milhões de toneladas de açúcar, volume 3.42% acima do mesmo período do ano passado. Lembrando que estimamos o custo de produção do açúcar bruto indiano em 18.54 centavos de dólar por libra-peso.

“Esse nível de preço no mercado internacional é economicamente viável para a exportação de açúcar indiano, tailandês e quem mais houver. No entanto, dadas a inevitável ausência das usinas brasileiras por já estarem fixadas; as exportações indianas limitadas à quota de 6 milhões de toneladas, os consumidores finais encurralados nesse tabuleiro de xadrez e a sobra de caixa dos fundos podendo continuar a comprar mais contratos, nada impede que o mercado possa eventualmente alcançar novas máximas”, ressalta.

Para ele, pode ser que, ao se aproximar o vencimento das opções de março que expiram dia 15 de fevereiro, o mercado tenha outro solavanco. “Mas, enquanto isso, quem tiver açúcar para fixar e não o fizer, pode estar cometendo um erro grave”, adverte Correa.