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Cana-de-açúcar será usada em vacina contra COVID-19

Tecnologia de fermentação patenteada viabilizará o processo

O objetivo da MPB é ampliar a produtividade canavieira
O objetivo da MPB é ampliar a produtividade canavieira

A cana-de-açúcar será usada em programa de desenvolvimento de uma vacina contra a COVID-19. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (27) em anúncio de parceria entre a Amyris, uma empresa americana de biotecnologia, e o Instituto de Pesquisa de Doenças Infecciosas (IDRI).

O programa a ser desenvolvido combina a experiência do IDRI no combate a doenças infecciosas com a tecnologia da plataforma de fermentação da Amyris, com o objetivo de criar adjuvantes semi-sintéticos à base de esqualeno em escala.

Os adjuvantes são adicionados às vacinas como um excipiente para aumentar sua eficácia e normalmente são originados de esqualeno à base de tubarão, um recurso não sustentável e não escalável.

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A Amyris produz o esqualeno a partir da cana-de-açúcar através de uma tecnologia de fermentação própria, já usada na indústria de cosméticos. Mais sustentável, o esqualeno a partir da cana tem funcionalmente idêntico ao esqualeno à base de tubarão e é capaz de oferecer maior disponibilidade, facilitando o acesso a adjuvantes.

Segundo a empresa, os adjuvantes servem para fortalecer a resposta imune das vacinas e permitem que elas sejam produzidas em escala, viabilizando a sua chegada ao mercado de forma acelerada.

De acordo com o CEO do IDRI, Dr. Corey Casper, a combinação da principal tecnologia de plataforma de vacina para RNA (ácido ribonucleico) do IDRI, combinada com o adjuvante derivado de forma sustentável da Amyris, tem o potencial de liderar a eficácia de uma solução de vacina COVID-19 e potencialmente desempenha um papel importante em outras soluções de vacina para ajudar a mitigar possíveis pandemias futuras.

Se os ensaios forem positivos, a vacina contra o coronavírus poderá estar disponível no próximo ano

“Sem adjuvantes, as vacinas não são eficazes ao máximo e a escassez de suprimento de adjuvantes à base de tubarão pode ser devastadora no futuro, sublinhando a importância dessa parceria antecipada”, ressaltou.

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John Melo, presidente e CEO da Amyris, comemorou a parceria. “Temos o prazer de fazer parceria com o IDRI para combater a COVID-19 e fornecer uma inovação significativa para a tecnologia de vacinas no futuro”, disse.

Melo destacou que “a experiência do IDRI em vacinas combinada com a nossa principal plataforma de biologia sintética apresenta uma oportunidade real de fornecer a vacina mais escalável e de maior eficácia para a COVID-19”, afirmou.

Melo: biologia sintética pode ter um papel significativo para atender as necessidades de crises globais de saúde

O executivo lembrou que a Amyris já fez uma parceria com a Fundação Bill e Melinda Gates e criou uma fonte alternativa de suprimento através da fermentação da artemisinina, um tratamento de primeira linha para malária ainda hoje recomendado pela Organização Mundial da Saúde.

“Muitas organizações estão trabalhando em direção a uma solução de vacina COVID-19, com resultados incertos. Estamos focados em uma solução de segunda geração com melhor desempenho e que possa oferecer uma plataforma sustentável de vacinas para lidar com futuras pandemias”, disse.

Em comunicado Melo afirmou ainda que “o primeiro fornecimento comercial de nosso principal adjuvante de vacina até o final deste ano e, caso os ensaios sejam positivos, poderemos ter uma plataforma de vacina bem-sucedida no próximo ano “.