O Brasil tem potencial para exportar tecnologia do etanol em escala mundial como também possui condições plenas de atender à demanda internacional pelo biocombustível. Essa é a opinião de lideranças do setor sucroenergético, como Francis Queen, vice-presidente de Etanol, Açúcar e Bioenergia da Raízen.
“Temos expertise de sobra, 400 usinas e mais de 50 mil fornecedores de bens e serviços. O setor tem muito a oferecer para países que querem não só o etanol combustível, mas o destinado a outros fins como, por exemplo, para produzir plástico verde, o óleo para aviação SAF entre outros”, afirma.
Para atender a demanda gerada, o vice-presidente da Raízen ressalta que será importante uma combinação de ações visando as condições necessárias para consolidar esse posicionamento de liderança.
“Acreditamos que a tecnologia vai ajudar de forma significativa. Atualmente, a Raízen possui tecnologia de etanol de segunda geração que tem o potencial de aumentar a produção em aproximadamente 50%. Temos também outros tipos de biomassa que podem ser utilizadas. Com o cenário que vemos pela frente, é fundamental que tenhamos no mercado empresas de bens e serviços no Brasil que estejam estruturadas e possam atender a demanda que teremos”, comentou.
O executivo participou do webinar “Como Potencializar o Uso de Bioenergia em Nível Global sem Transformar o Etanol em Commodity?”, promovido pela Fenasucro & Agrocana TRENDS na terça-feira (25) e que contou com a participação de representantes dos governos do Brasil e da Índia.
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Na ocasião, o presidente & CEO da Volkswagen América Latina, Pablo Di Si, afirmou que o etanol é o biocombustível com maior potencial de implementação rápida em comparação com outras fontes de energia.
“O etanol, se comparado com a gasolina, gera 86% menos emissões. A diferença é brutal. Você planta a cana e quase (todo o processo de produção do etanol) é renovável. E a velocidade para continuar essa jornada é super-rápida se comparada com a implantação de postos para abastecimento de carros elétricos. Eu colocaria essa expansão em etanol/biofuel porque o etanol funciona bem no Brasil e funcionará bem com algum componente misturado em alguns outros países, embora a base seja sempre etanol“, observa Di Si.
Diante desse cenário, ele disse que a tecnologia brasileira pode ser exportada facilmente para outros países por meio do avanço em pesquisas que permitam essa produção em escala. “Temos que pensar no etanol, na célula de combustível. Ela pode ser transportada em contêiner e exportada para a Europa, para a China. Como isso se dará, eu não sei. O que sei é que temos muita gente competente para fazer pesquisas de como chegar a isso aqui mesmo no Brasil, e cito aqui algumas universidades, o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) entre outros. Temos muita gente inteligente para buscar solução para isso aqui”, afirma.
Pietro Adamo Sampaio Mendes, diretor de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, destacou o programa Combustível do Futuro, criado pelo Governo Federal em abril deste ano, propondo medidas para incrementar o uso de combustíveis sustentáveis e de baixa intensidade de carbono. O etanol, biodiesel e o biometano aparecem como protagonistas deste programa que busca integrar políticas públicas relacionadas ao setor automotivo e de combustíveis. Assim, Mendes comentou sobre a comoditização do etanol.
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“Os veículos flex, híbridos e a célula de combustível, todos abastecidos com etanol, devem ter espaço no futuro da mobilidade e na redução dos gases do efeito estufa. Outros países também podem adotar o etanol para promover a descarbonização do setor de transportes, levando à sua comoditização, sem fechar o mercado apenas para uma rota tecnológica”, diz.
O diretor do MME ainda reforçou que o Brasil tem capacidade de exportar tecnologia para o mundo. “Somos o único país que possui a tecnologia que permite utilizar a proporção de 27,5% de etanol na gasolina e podemos levar isso para outros países. Temos o RenovaBio, que conta com cerca de 80% da indústria de etanol credenciada, e estratégias de cooperações bilaterais com outras nações como a Índia”.
No webinar, o embaixador da Índia no Brasil, Suresh Reddy, apontou o potencial dos dois países para suprir a demanda por etanol em escala mundial. “A cooperação entre Brasil e Índia para a promoção do biocombustível e do etanol é muito importante. Para se ter uma ideia, duas empresas indianas começaram a atuar neste setor, em áreas que equivalem ao território de três ou quatro países europeus. O mercado na Índia busca por energia limpa para proteger o meio ambiente e a saúde das pessoas e ser cada vez mais sustentável. A energia renovável é um tópico presente em nossos debates e o etanol entra no cenário com um papel muito relevante”, aponta o embaixador.