A BP Bunge Bioenergia reuniu, na última quarta-feira (25), clientes, fornecedores e parceiros de negócios em um evento em São Paulo – SP, que colocou em pauta suas perspectivas relacionadas ao setor sucroenergético.
“Estamos vivendo um momento particularmente importante para o nosso setor, um cenário raro que combina preço e volume promissores. O Brasil tem despontado como um protagonista no mercado mundial de açúcar e deve manter essa posição nos próximos meses. E o etanol, que já é responsável pela descarbonização da matriz de transporte terrestre, mostra seu potencial para descarbonizar também o ar e o mar”, explicou o diretor Comercial e de Originação da BP Bunge, Ricardo Carvalho, na abertura do evento.
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Na sequência a gerente de Inteligência de Mercado da companhia, Luciana Torrezan, trouxe um panorama referente aos mercados de açúcar, etanol e energia. Uma das projeções mencionadas indicam uma queda na produção global de açúcar, enquanto a taxa de consumo aponta para um crescimento de 1,1% no ciclo 23/24, o que deve gerar um déficit de 2,8 milhões de toneladas deste alimento. Neste cenário, segundo Luciana, o desempenho da safra brasileira no período coloca o país em vantagem competitiva no mercado mundial.
“A questão climática vem afetando grandes produtores globais, como Índia e Tailândia. Por outro lado, a previsão é de que no Brasil alcancemos níveis recordes de produtividade nos canaviais, tendo cerca de 660 milhões de toneladas de cana disponíveis para moagem”, explica.
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Para Luciana, o clima é a chave para o processamento dessa cana e deve definir o volume final de produção de açúcar no país, mas as projeções indicam para uma marca de 40,9 milhões de toneladas, um aumento de cerca de 21% em relação à safra 2022/23.
“O Brasil deve ser o principal exportador de açúcar bruto nos próximos trimestres, dominando cerca de 65% dessas operações. Um dos desafios a serem superados nesse contexto é a questão logística, que deve suscitar soluções que comportem o embarque de todo volume de açúcar que teremos disponível”, avalia.
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Cenário para o etanol
Outro ponto abordado durante o evento foi a contribuição do etanol para os desafios da transição energética, incluindo a questão da mobilidade de baixo carbono. Nesse sentido, Tomás Cardoso, diretor de Estratégia, Novos Negócios e Inovação da BP Bunge Bioenergia, falou sobre as perspectivas em relação ao futuro do setor, onde destacou as expectativas que existem em torno das operações que envolvem a produção de combustível sustentável de aviação (SAF).
“Já há no mercado algumas rotas voltadas à produção de SAF, como HEFA (à base de óleos vegetais e gorduras), porém, o processo denominado como ATJ (alcohol-to-jet), que utiliza o etanol como matéria prima, desponta como o que mais se destaca em termos de viabilidade futura em função, principalmente, da abundância deste biocombustível no mundo inteiro e relativo baixo custo. É uma inovação sobre a qual todo o mercado tem falado, pois o potencial de impacto positivo sobre o nosso setor é imenso. Se chegarmos a pelo menos 3% de mistura de SAF à base de etanol no combustível de aviação global, estamos falando de uma demanda condizente com o volume produzido durante uma safra brasileira inteira deste biocombustível”, avaliou Cardoso.
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Macroeconomia: destaque para o agronegócio
A programação contou ainda com uma palestra do economista José Roberto Mendonça de Barros, que trouxe uma análise do cenário macroeconômico atual, com destaque para o desempenho positivo do agronegócio brasileiro, que favoreceu o alcance de indicadores históricos para a economia do país em 2023, como o saldo da balança comercial, que deve chegar à marca inédita de US$ 96 bilhões.
Para Mendonça de Barros, a perspectiva para os próximos anos é de que o setor siga avançando de forma vertiginosa e seja o principal responsável pelo crescimento do Brasil. Ele avalia que esse movimento se intensificará por diferentes caminhos, entre eles a questão da descarbonização, que é hoje uma pauta global. “O Brasil está cada vez melhor no mundo das commodities e o processo de descarbonização deve acelerar essa tendência. A produção de novas energias, novos combustíveis com menor pegada de carbono, o SAF, entre outros, deve intensificar a criação de valor para o agro brasileiro”, comentou.