“O Brasil precisa ampliar o uso dos biocombustíveis, adensar a cadeia do lítio e dos semicondutores para se inserir nas novas cadeias produtivas globais. Mas pelo visto, muitas montadoras só devem se mexer após a sinalização do governo. Por isso é cada vez mais relevante criarmos políticas públicas integradas para um “Plano Nacional de Industrialização para os Biocombustíveis e a Mobilidade Elétrica”.
A afirmação é de Adalberto Felicio Maluf Filho, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e diretor da BYD Brasil.
O executivo reforçou a ideia em matéria do Estadão, publicada neste domingo (19). A publicação ressalta que as empresas asiáticas, em especial as chinesas, lideram o processo de eletrificação dos automóveis no Brasil, com anúncios de fábricas para produção de carros elétricos, híbridos e híbridos plug-in.
Os grupos europeus e americanos mais tradicionais aguardam decisões sobre uma política industrial com foco na descarbonização e o aval das matrizes para investimentos locais nas novas tecnologias de mobilidade.
Com o consumo em crescimento acelerado, as fabricantes chinesas passaram a escolher outros países para expandir a tecnologia elétrica, e o Brasil entrou nessa rota.
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A aposta dos asiáticos é de alta constante do mercado, apesar de o segmento participar de apenas 2,5% das vendas de automóveis e não ter subsídios governamentais para a compra, como em outros países. Além disso, tem o etanol, um “combustível verde”, para amenizar os índices de emissão de carbono.
A GWM (Great Wall Motor) e a BYD anunciaram investimentos de R$ 10 bilhões e R$ 3 bilhões, respectivamente, em operações no país. A primeira comprou a fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis – SP, e a segunda está prestes a fechar a aquisição da planta da Ford em Camaçari – BA, ambas desativadas. A Chery escolheu a vizinha Argentina e deve investir R$ 2 bilhões para produzir carros elétricos e baterias, segundo fontes locais.
Entre as montadoras instaladas no Brasil há mais tempo, só a japonesa Toyota e a Caoa Chery produzem modelos híbridos flex.
Para Henrique Antunes, diretor de vendas e marketing da BYD, por mais que as montadoras tradicionais tentem retardar a eletrificação no Brasil, terão de acompanhar o mercado. “Quem dita isso é o consumidor e, quando a oferta for maior, fará com que o preço caia e o mercado ganhe destaque”, diz.