O Brasil deverá produzir 126,941 milhões de toneladas de milho na próxima safra, 12,5% a mais do que a produção registrada na safra 2021/22. Os dados são do primeiro levantamento de grãos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), publicados esta semana pela estatal.
O crescimento será impulsionado principalmente pela produção de segunda safra, que deverá passar de 85,622 milhões de toneladas para 96,276, quase 11 milhões de toneladas a mais. O milho de primeira safra deverá subir de 25,026 milhões de toneladas para 28,692 milhões de toneladas, variação de 14%.
O milho segunda safra é a principal fonte de matéria-prima para o etanol de milho e produtos de nutrição animal, como DDGS e óleo de milho.
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O presidente da União Nacional de Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco, explica que a projeção da Conab vem ao encontro das perspectivas de crescimento do setor do biocombustível, que deverá contar com pelo menos mais duas unidades em operação a partir de 2023 e possível expansão de indústria que já estão em atividade.
“O setor de etanol de milho tem uma previsão de crescimento que está baseada nas perspectivas de produção do grão no país. Atualmente, o país cultiva milho de segunda safra em cerca de 40% da área utilizada para o plantio de soja, ou seja, existe um potencial de expansão muito grande para o milho sobre estas áreas já consolidadas pela agricultura”.
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O levantamento da Conab aponta que a segunda safra de milho 2022/23 deverá ser cultivada em 17,2 milhões de hectares, enquanto a soja vai ocupar 42,9 milhões de hectares.
Com isso, a expectativa do setor é produzir 10 bilhões de litros de etanol de milho na safra 2030/31, mais que o dobro do que é produzido atualmente. De acordo com dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o país deverá produzir 4,5 bilhões de litros de etanol de milho na safra 2021/22, incremento de 31% em comparação com a safra anterior, que colocou 3,43 bilhões de litros no mercado.
Para gerar 4,5 bilhões de litros, as indústrias vão processar 10,3 milhões de toneladas de milho, o que representa menos de 10% do total produzido no país. “O setor de etanol de milho trouxe mais previsibilidade para o mercado do milho, impulsionando investimentos na produção de segunda safra sem competir diretamente com a produção de alimentos. Vale lembrar que os farelos de milho originados na indústria de etanol são destinados à produção de proteínas”.
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De acordo com o levantamento do Imea, a produção de farelos de milho (DDG; DDGS; WDG), utilizados como insumo para ração de animais, tanto pets quanto suínos, peixes e aves, e na intensificação da pecuária de corte, deverá superar 2,5 milhões de toneladas na safra 2021/22 e a expectativa é chegar a 6 milhões de toneladas na safra 2030/31.
Com base nestas projeções, as indústrias de etanol estão buscando novos mercados para os produtos de nutrição animal. Este ano, o país já exportou 159,5 mil toneladas para países como Vietnã, Nova Zelândia, Arábia Saudita e Reino Unido. Em 2020 o setor havia embarcado cerca de 85 mil toneladas para a Turquia, mas com a pandemia os envios foram suspensos em 2021.
“Há um potencial muito grande no mercado internacional para os farelos de milho e estamos estudando, junto com os associados, destinos, rotas e características deste setor lá fora. A exportação é uma importante ferramenta para precificar e dar vazão ao excedente produzido”, explica Nolasco.