Açúcar

Açúcar: um novo recorde de entrega em março

Açúcar: a disponibilidade no Brasil ficou mais apertada, e os problemas de produção na Índia e Tailândia dão suporte aos preços. O aperto de disponibilidade até o início da próxima safra pode gerar apoio aos preços, com uma possível recuperação no contrato de maio, dependendo da demanda

Arquivo
Arquivo

O relatório da UNICA da semana passada veio em linha com as expectativas da Hedgepoint Global Markets e as do mercado de açúcar, sem movimentação dos preços.

O Centro-Sul moeu apenas 245 mil toneladas de cana, produzindo 7 mil toneladas de açúcar e 381 milhões de litros de etanol, volumes menores que em 23/24, típicos da entressafra.

O diretor da UNICA, Luciano Rodrigues, destacou que a maior produção de etanol em 24/25, tanto de cana quanto de milho, reduz os riscos de oferta no mercado interno.

Isso reforça a projeção de uma safra açucareira robusta em 2025/26 e indica uma possível tendência de queda nos preços do açúcar no médio prazo.

Volatilidade causada pela antecipação do vencimento do contrato de março

A volatilidade da semana passada, portanto, não foi causada pelo relatório da UNICA, mas sim pela antecipação do vencimento do contrato de março.

O mercado já mostrava sinais de sobrecompra na segunda (24), o que indicava possíveis correções, agravadas por um cenário externo adverso, com queda no complexo energético e um dólar mais forte.

Com relativa neutralidade nas negociações da terça (25), a quarta (26) apresentou queda nos preços do açúcar de 3,8% em um movimento de consolidação, seguido por uma redução de 4,6% na quinta (27), quando surgiram rumores de vendas ativas por produtores brasileiros.

A expectativa de entrega elevada do contrato de março — entre 1 milhão e 1,5 milhão de toneladas — levantou dúvidas sobre a restrição da oferta. No fim, foram entregues 1,7 milhão de toneladas a 19,51 c/lb, um recorde que superou os 1,3 milhão de toneladas de março de 2024.

Contrato de maio de açúcar deve ser monitorado

O contrato de maio deve ser monitorado nas suas sessões iniciais para entender as tendências de preço.

A oferta no Brasil ficou mais restrita e deve continuar a diminuir com o fim da entressafra.

A produção de açúcar na Índia e na Tailândia estão abaixo das expectativas iniciais e, por serem países cujo custo de produção são mais elevados, a combinação ajuda a sustentar os preços no curto prazo.

Embora continuemos um pouco otimistas quanto à possibilidade de a Índia atingir 30 milhões de toneladas, sua produção está 14% abaixo da temporada passada (total de 21,9Mt até 28 de fevereiro), o que pode resultar em um déficit global maior para 24/25.

Contudo, os fluxos comerciais não devem ser afetados, pois 1 Mt já foi permitido.

Pordução de açúcar na Tailândia: 10,5 milhões de toneladas

“Revisamos nossas expectativas para a produção de açúcar da Tailândia, de 11Mt para 10,5Mt, devido a condições climáticas adversas para a moagem, o que limita suas exportações em pelo menos 800kt se comparado às estimativas iniciais, e acaba por tornar o mercado mais apertado a curto prazo.”

O início da safra do Centro-Sul brasileiro pode ser lento ou sofrer atrasos, oferecendo suporte ao contrato de maio.

Entretanto, se a demanda estiver confortável em esperar a próxima safra brasileira, essa recuperação nos preços pode ser mais lenta.

Por exemplo, a Indonésia ainda não decidiu quando importará os 200kt aprovados, enquanto dados da China mostram que as importações, até dezembro do ano passado, caíram 36% para o açúcar e 24%, se incluídas estimativas de xarope e contrabando.

Livea Coda
Coordenadora de Inteligência de Mercado da Hedgepoint