As exportações do Brasil para a Liga Árabe alcançaram receita recorde de US$ 17,74 bilhões em 2022, alta de 23,06% sobre o ano anterior e o melhor resultado da série histórica iniciada em 1989.
A pauta de exportações para a região em 2022 foi liderada pelo açúcar, com receita de US$ 3,44 bilhões, alta de 24,73% sobre o ano anterior.
De acordo com dados compilados pelo departamento de Inteligência de Mercado da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, as exportações do Brasil para o bloco de 22 países árabes no Oriente Médio e Norte da África tiveram alta prevalência de produtos do agronegócio. O setor foi responsável por 70,87% das receitas geradas ao longo do ano, ou US$ 12,57 bilhões, um aumento de 40,74% sobre o ano anterior.
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Além do açúcar, outros principais produtos que foram exportados para a região foram os derivados de aves, com US$ 3,16 bilhões, alta de 30,58% no mesmo comparativo; minério de ferro com US$ 2,91 bilhões, queda de 24,03% sobre 2021; milho, com US$ 2,01 bilhões, crescimento de 92,12%; soja, com US$ 1,11 bilhão, alta de 73,53%; e derivados bovinos, com US$ 1,04 bilhão, alta de 13,55% no mesmo comparativo.
Os principais destinos foram Emirados Árabes Unidos, que importaram do Brasil o equivalente a US$ 3,26 bilhões em 2022, crescimento de 40,09% sobre 2021. Em segunda posição, vem a Arábia Saudita, com o total de US$ 2,92 bilhões, alta de 41,26% no mesmo comparativo. Em terceiro, o Egito, com US$ 2,84 bilhões, crescimento de 41,2%.
Figuram depois Argélia com US$ 1,92 bilhão, alta de 26,35%; Bahrein com US$ 1,41 bilhão, queda de 25,72%; Marrocos com US$ 1,07 bilhão, alta de 88,82%; Omã com US$ 1,04 bilhão, queda de 32,68% e Catar com US$ 614,63 milhões, alta de 54,2% sobre 2021.
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Chamou a atenção no resultado o aumento nas vendas árabes para o Brasil em 2022, que cresceram para US$ 15,04 bilhões, alta de 53,37% sobre 2021.
A corrente de comércio no ano passado (soma de exportações e importações) entre o Brasil e os países da Liga Árabe alcançou a inédita marca de US$ 32,78 bilhões, com saldo positivo para o lado brasileiro de US$ 2,71 bilhões.
Produtos do agro
De acordo com a Agência de Notícias Brasil-Árabe, os produtos do agro foram vendidos a preços médios 14,40% mais altos na comparação com 2021. A análise considera os valores e os volumes registrados pelas cerca de 190 posições SH4 (categorias de produtos) enviadas do Brasil para a Liga Árabe, sobretudo quando analisados os produtos na dianteira da pauta.
Entre os quinze ‘campeões de venda’, o que registrou maior alta foi o café. A commodity foi negociada na Liga Árabe a US$ 3.962,57 por tonelada, alta de 88,10% sobre o ano anterior. O milho foi vendido a US$ 273,96 a tonelada, avanço de 36,46% sobre 2021. As carnes de aves registraram avanço de 26,23% nos preços, para US$ 2.171,96 a tonelada.
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Segundo o secretário-geral da Câmara Árabe, Tamer Mansour, a alta nos preços médios é reflexo da demanda aquecida por alimento na região e, também, da forte pressão inflacionária provocada pela pandemia e pela Gguerra na Ucrânia, que vem afetando custos com insumos, combustíveis e processos logísticos, inclusive nas cadeias do agro brasileiro.
“O conflito também teve como efeito a restrição da oferta global de grãos, sobretudo milho e trigo. A consequência foi que os árabes buscaram esses e outros produtos entre fornecedores com mercadoria disponível, o que levou à alta nos preços acima da inflação (5,79%, para o IBGE), com lucros ainda favorecidos pela baixa do real”, disse Mansour.
Para o secretário-geral, a vacinação precoce contra a covid-19 no Golfo favoreceu a retomada do turismo de escala (stopover), potencializado por prêmios de Fórmula 1 em toda região, pela Expo 2020 Dubai (entre 2021 e 2022), pelo Mundial de Clubes e pela retomada da peregrinação muçulmana, que, historicamente, são eventos que demandam alimentos.
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A Copa do Mundo Fifa no Catar também ajudou. Ao atrair 1 milhão de torcedores ao país-sede e aos vizinhos, o mundial alavancou as vendas de alimento brasileiro, sobretudo de proteínas animais nos meses que antecederam o evento realizado em novembro e dezembro.
O executivo acredita ainda que os embarques de alimentos devem seguir em ritmo acelerado nos primeiros meses de 2023 por conta da preparação para o Ramadã, o mês sagrado em que os muçulmanos praticam o jejum do nascer ao pôr do sol. A data varia a cada ano, de acordo com o calendário lunar islâmico, e em 2023 deve ter início em 22 de março e terminar em 20 de abril.