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Abiogás defende aprimoramento do RenovaBio

Segundo a entidade um grande avanço do programa será considerar as emissões evitáveis

Abiogás defende aprimoramento do RenovaBio

Incluir o cálculo de emissões evitáveis entre as métricas do RenovaBio será um importante avanço para o programa. A avaliação é do diretor executivo da Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), Gabriel J. Kropsch, em palestra realizada no Congresso da União Nacional da Bioenergia – UDOP, que aconteceu nos dias 5 e 6 de julho, em Araçatuba – SP.

“O consumo de diesel no Brasil é equivalente a 150 milhões de m3 por dia. Não vamos acabar com o consumo de diesel no Brasil, mas podemos substituir parte desse diesel por biometano. Então, chegar nos 30 milhões não é tão difícil assim. Sendo que o biometano tem uma redução importantíssima na pegada de carbono”, afirmou Kropsch durante palestra que teve como tema Biogás – Estratégia e Mercado e estava sob o guarda-chuva do painel de Transição Energética do congresso.

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“Existem várias metodologias no mundo que calculam a intensidade (do carbono). No Brasil, a oficial é a do RenovaBio, que é excelente porque vai comparar os biocombustíveis com os combustíveis fósseis de referência. Mas tem uma limitação. O RenovaBio ainda não considera as emissões evitáveis. Estamos trabalhando junto ao Ministério de Minas e Energia, ANP, e vários técnicos, para que a gente possa capturar as emissões que estamos evitando, o que também gera um benefício”, explicou Kropsch.

Também participaram da palestra, José Arimatea de Angelo Calsaverini, CEO da Uisa, como moderador, e também os debatedores Fernando Martins de Mello, gerente corporativo de projetos agroindustriais da Tereos; Luciano Dallabrida, gerente comercial da Cocal e Mariano José de Santis, diretor de compras da Adecoagro.

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Para o diretor da Abiogás a representatividade das matrizes limpas de energia ainda é muito baixa e ainda temos uma grande dependência do combustível fóssil. Segundo ele, 25% da população mundial ainda cozinha a lenha, cerca de 2 bilhões de pessoas.

Kropsch vê com otimismo o grande potencial do mercado para o crescimento do biogás. “Se somarmos todas as fontes de resíduos temos um potencial de mais de 120 milhões de metros cúbicos por dia. Isso equivale a quatro vezes o volume de gás que a gente importa da Bolívia.  São números expressivos que podem realmente mudar a cara da nossa matriz energética”, disse, destacando, segundo ele, três mensagens importantes: “a oportunidade do biogás é enorme; as tecnologias já estão disponíveis e o mercado já existe”.

Mariano José de Santis, diretor de compras da Adecoagro, disse que quando começaram a se interessar pelo projeto, em 2016 enfrentaram muitas dificuldades porque não tinha muita tecnologia disponível. Hoje, porém, o foco é substituir o consumo interno do diesel pelo biometano. Segundo ele, “o conjunto de diferentes tecnologias visando o mesmo objetivo poderá quebrar barreiras que até hoje eram difíceis de ser rompidas”.

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Luciano Dallabrida, da Cocal, mencionou o plano de expansão de biogás da usina com a implantação de uma nova planta no município de Paraguaçu Paulista – SP.  “Nessa nova unidade teremos capacidade de produção do biometano de até 60 mil m³ / dia durante a safra. Diferente do projeto de Narandiba, onde por uma questão estratégica, fizemos um pouco de tudo a fim de mitigar alguns riscos, fizemos um pouco de biometano para gasoduto, um pouco de biogás com carreta, um pouco de energia elétrica, enfim. Já está nova planta terá a produção do biogás 100% voltada para o biometano”, informou Dallabrida.

E Fernando Martins de Mello, da Tereos, informou que “somente através da  vinhaça, temos um potencial de produção equivalente a 58 milhões de metros cúbicos por ano. Nossa primeira planta em Cruz Alta, produz 8 mil m3/dia de biometano. Hoje a nossa visão é voltada para substituir o diesel da nossa frota. Só na nossa frota própria são 15 milhões de diesel por ano. Com a planta de Cruz Alta temos potencial para atender todas nossas unidades. O que significa que, forçosamente, teremos que ingressar nesse mercado. Por isso, estamos aqui para buscar compreender como ele deverá funcionar”, disse.