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“A nova política de preços será colocada à prova mesmo em uma situação de subida das cotações lá fora”

Afirmação é de Amance Boutin, especialista em combustíveis

Posto de combustível
Posto de combustível

“A nova diretriz da Petrobras aumenta a complexidade da precificação, acrescentando variáveis de mercado interno, competitividade e market share. Podemos esperar preços mais baixos do que a PPI, em linha com as declarações mais recentes do governo e do JP Prates”, afirma Amance Boutin, especialista em combustíveis da Argus, empresa especializada na produção de relatórios e análises de preços para o mercado de combustíveis, agricultura, fertilizantes, gás natural e energia elétrica, ao analisar a nova estratégia comercial divulgada pela Estatal, nesta terça-feira (16).

De acordo com o especialista, a leitura do preço dos derivados, principalmente do diesel, tem sido dificultada pelo surgimento de dois preços distintos no mercado nacional: o produto russo e o não-russo.

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Segundo o levantamento da Argus, o diesel S10 russo tem ficado 25¢/USG mais barato do que o produto dos EUA ao chegar no Brasil, o que equivale a uma diferença de R0,33/l.

Boutin recorda que as últimas falas do presidente da Petrobras deram para entender que a empresa ia espaçar mais os reajustes para não repassar a volatilidade internacional nos preços domésticos.

“O contexto atual de câmbio, com o fortalecimento do real em relação ao dólar, junto com as quedas no mercado internacional das cotações de petróleo e diesel, é propício para um reajuste de preços para baixo que não crie grandes distorções com o valor do produto importado. A nova política de preços será colocada à prova mesmo em uma situação de subida das cotações lá fora”, elucida.

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Para ele, o ponto mais importante para os participantes do mercado é o papel da Petrobras no suprimento. Durante o governo anterior, a Petrobras recuou na atividade de importação de diesel, deixando agentes privados cuidar do que o parque de refino nacional não podia suprir.

Qualquer mudança de estratégia neste aspecto pode ter um impacto significativo sobre o balanço e os investimentos das empresas importadoras de combustíveis.

Diferente do que ocorreu em 2022, não existe hoje um risco de quebra de suprimento de diesel. Na verdade, com a abertura da arbitragem do produto russo, algumas regiões estão numa situação superavitária, o que pressiona os preços e até leva alguns participantes a deslocar diesel para países vizinhos”, afirma.

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