Usinas

A logística pesa mais no custo das empresas

Os custos de logística – transportes, gastos com estoque, suprimentos, armazenagem e administrativos – atingiram 11,5% do PIB no ano passado, com forte aumento em relação a 2010, segundo pesquisa bienal do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos). “Houve a combinação de três fatores: aumento de custos, maior movimentação de carga no País e o PIB praticamente estagnado nesse período”, disse a diretora de Inteligência de Mercado do Ilos, Maria Fernanda Hijjar, ao Estado.

A relação entre os custos logísticos e o crescimento do PIB foi perversa nos últimos anos: com a economia crescendo 5,2%, em 2008, e 7,5%, em 2010, acima do crescimento de 0,9%, em 2012, os ônus com logística diminuíram. Em 2008, foram de 10,9% do PIB e, em 2010, de 10,6% do PIB. Nos Estados Unidos, os custos logísticos correspondem a 8,7% do PIB.

No Brasil, apenas em transporte esses custos chegaram, no ano passado, a R$ 312,4 bilhões, equivalentes a 7,1% do PIB – o maior porcentual desde 2004, quando atingiram 7,5%, segundo o Ilos.

A participação do transporte rodoviário no transporte total aumentou de 65,6% para 67,4%. O restante corresponde aos transportes ferroviário (18,2%), hidroviário (11,4%) e dutoviário (3%). Nos gastos com transporte rodoviário são computados dispêndios com diesel, pedágio e seguros. O preço do diesel é subsidiado, mas não os pedágios e seguros.

Má conservação de estradas, deficiências e atrasos no embarque e desembarque de mercadorias elevam os custos e agravam o problema do congestionamento nas proximidades de portos, como Paranaguá e Santos. Isso ajuda a explicar o custo do frete rodoviário, que teve alta nominal de 19,9% entre 2010 e 2012. Enquanto isso, o volume transportado – proveniente, em especial, das safras recorde de grãos – aumentou 14% em dois anos.

Entre 2010 e 2012, houve um aumento de custos correspondente a 0,9 ponto porcentual do PIB. Ou seja, custo adicional de cerca de R$ 38 bilhões para as empresas, considerando um PIB de R$ 4,2 trilhões.

O maior responsável pelos elevados custos logísticos é o governo federal, ainda mais do que os governos estaduais e municipais. Somente a enorme eficiência da produção mineral e agropecuária – e a existência de ferrovias-modelo, como a Vitória-Minas e a Carajás, da Vale – evita que os custos logísticos transformem o Brasil num exportador marginal de commodities.