Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), destaca oito avaliações sobre a safra 2018/19 no Centro-Sul do País.
As oito avaliações sobre a safra 18/19 integram entrevista de Padua Rodrigues ao JornalCana no último dia 01, em Araçatuba (SP), durante o Congresso Nacional de Bioenergia realizado pela Udop.
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Quebra agrícola
Temos expectativa de uma grande quebra agrícola da cana que é colhida até o fim da safra. Há levantamentos indicando quebra de 8% e outros de 10%. De fato haverá uma redução.
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Onde o problema é maior
Não se pode generalizar a quebra para todo o Centro-Sul. No Estado de São Paulo, as regiões de São Carlos, Ribeirão Preto e de São José do Rio Preto estão mais sensíveis e registram quebra maior. Em Minas Gerais, em Goiás e no Mato Grosso do Sul não deverá ser registrada tanta queda de moagem na comparação com 2017. Todos terão quebra. Não vai é haver redução de moagem.
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Expectativa de moagem
A expectativa era de moagem acima de 2017, que ficou em 590 milhões de toneladas de cana. E a moagem da safra em andamento foi reduzida também em função das condições climáticas.
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Compensação
Grande parte da perda de produtividade agrícola será compensada pela melhor qualidade da matéria-prima. Se conseguirmos entre três a quatro quilos de ATR por tonelada, poderemos chegar à expectativa de fechar em 140 quilos de ATR.
Dependendo da quebra agrícola, 50% dessa quebra será compensada pela melhor qualidade de ATR.
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Antecipação de moagem
Estamos com moagem adiantada de 20 milhões de toneladas de cana, na comparação com a safra anterior, mas a queda na produtividade agrícola impactará daqui para frente porque usamos a quantidade de cana [para medir a safra].
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Fim de safra
Vai depender muito. Pode ter empresa que não queira encerrar a moagem em outubro e outras que não queiram encerrar em novembro. Podem estender o período de moagem para otimizar a produção de etanol. Não significa maior oferta de cana, mas extensão do processamento para produzir mais biocombustível.
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Previsão para a 19/20
A safra 2019/20 será totalmente diferente. A cana plantada entre fevereiro, março e abril deste ano está morrendo em muitas regiões. Essa cana, que era bem produtiva, em 2019 irá demorar mais três meses para ser colhida. E a oferta de cana soqueira também será baixa, assim como ocorre na atual safra.
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Riscos para o RenovaBio?
Não há qualquer vínculo entre menor oferta de cana e menor produção de biocombustível [já que o RenovaBio [previsto para vigorar em 2020 exige produção crescente de etanol]. Veja este ano: com quebra de safra e o Brasil nunca produziu tanto etanol. Há a intenção de se fazer 30 bilhões de litros com talvez 560 milhões de toneladas de cana a serem processadas na atual safra.
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