Mercado

Usinas se comprometem a baixar preço

Usineiros concordam com teto de preço de R$ 1,05 o litro do álcool anidro. Governo e representantes do setor sucroalcoleiro chegaram ontem a um acordo sobre o preço do litro do álcool a ser praticado nas usinas. Em reunião realizada com ministros, na sede do ministério da Agricultura, o setor assumiu um compromisso de preços da ordem de R$ 1,05 por litro de álcool carburante na usina. O que está abaixo do preço praticado agora, de R$ 1,08. O último acordo entre governo e setor foi em fevereiro de 2003, na base de R$ 1,00 por litro de álcool carburante na usina.

Além da redução de preços, outras duas medidas foram anunciadas pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, como forma de evitar o aumento de preços do álcool na época da entressafra.

A primeira, é uma definição do setor privado que garante ao governo brasileiro que os estoques disponíveis de álcool são suficientes para garantir o abastecimento interno e o cumprimento de alguns compromissos de exportação. O setor se comprometeu ainda, caso necessário, antecipar a moagem de cana de algumas regiões do País para o mês de março.

E tendo em vista evitar oscilações futuras – o que é natural em qualquer produto agrícola – o governo anunciou que irá estudar em conjunto com o setor privado e com a área de distribuição um programa de estocagem do produto, que leve a minimização desses picos para baixo e para cima de preços. “Penso que diante das circunstâncias econômicas que cercam a atividade hoje, isso representou um sacrifício do setor, e para nós, uma satisfação de chegarmos a um acordo positivo para o Brasil e para o setor produtivo e consumidores”, disse Rodrigues.

O presidente da União Agroindustrial Canavieira do Estado de São Paulo (Unica), Eduardo Pereira de Carvalho, disse que a redução do insumo não causará perdas para o setor. Segundo ele, o preço é resultante de mercado, sendo uma questão de oferta e procura. “O que podemos dizer é que nossa grande preocupação é abastecer o mercado e que existe produto para abastecer os consumidores. Não se tratou de uma negociação de troca, mas de um entendimento entre o setor e governo. O acordo foi feito e o que o consumidor poderá saber é que não haverá pressões”, disse, referindo-se à alta do preço do álcool.

Carvalho acrescentou ainda que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, mencionou durante a reunião com o setor, que vai propor ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a redução para zero da alíquota de importação do álcool, que hoje está em 20%. Questionado se isso seria uma ameaça para o setor, Carvalho não vê problemas nesta medida. “Acho que isso demonstra que o setor é maduro para poder enfrentar importação com tarifa zero. Não foi uma ameaça, porque o setor não precisa disso para se estabelecer no mercado”.

Participaram do encontro o ministro interino das Minas e Energia, Nelson Hubner; a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff e o secretário da Fazenda, Murilo Portugal.