Mercado

Usinas propõem fundo contra a alta do álcool

Objetivo é compensar perdas com produção de etanol e evitar migração ao açúcar, que hoje rende mais. A tendência de as usinas produzirem mais açúcar que álcool, atraídas pelos preços elevados da commodity, o que põe em risco abastecimento doméstico do combustível, preocupa empresários e governo. Estudo divulgado ontem pela empresa de consultoria Datagro confirma essa expectativa. Pelos preços das últimas semanas na Bolsa de Nova York, produzir açúcar proporciona receita até 50% maior do que álcool. Numa tentativa de convencer os usineiros a inverter a proporção de cana destinada à produção de açúcar e álcool, um grupo de empresários estuda meio de compensar eventuais perdas provocadas pela opção.

A hipótese mais provável é que seja criado um fundo, para o qual todas as usinas contribuiriam e que seria usado para compensar as diferenças, sempre que as discrepâncias entre os preços dos produtos se acentuem, como está ocorrendo agora. “Não podemos abandonar o mercado interno de álcool”, disse o vice-presidente da União das Destilarias do Oeste Paulista (Udoc), Fernando Perri. “Devemos tratar o mercado como parceiro, já que foi essencial para as empresas num passado recente.”

A produção de açúcar e álcool, até recentemente concentrada em São Paulo e estados do Nordeste, se espalha pelo Centro-Sul. As previsões são de que pelo menos 30 novas unidades serão instaladas, algumas delas em Minas, Goiás e Mato Grosso do Sul. Até 2013, os recursos devem alcançar R$ 20 bilhões. Com a intenção de atrair parte desses novos investimentos e ampliar a produção local, o governo do Rio anunciou ontem a redução do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 26% para 2% para o álcool.