O setor sucroalcooleiro também foi um dos grandes afetados com as operações com derivativos de câmbio durante o auge da crise financeira global no ano passado. Bancos, consultorias financeiras e empresas estimaram perdas de cerca de R$ 4 bilhões, segundo informações de um jornal de economia do país.
Atingidas pela forte crise global, boa parte das usinas do setor está em situação financeira delicada, devido à alta alavancagem, por conta dos projetos de construção de novas usinas.
Desde o auge da crise, tradicionais grupos sucroalcooleiros foram colocados à venda, como a Santelisa, que está em processo de incorporação pela companhia francesa Louis Dreyfus, e a Moema, que também está em negociação. Também por conta da crise muitas usinas do setor tiveram de adiar seus projetos greenfield.
Os maiores bancos do país, que tiveram um papel importante no financiamento de projetos de expansão do setor, tornaram-se os maiores credores das usinas, entre eles Bradesco, Itaú/Unibanco, Santander e Votorantim, além do BNDES, que se tornou sócio de alguns grupos no país, segundo a mesma reportagem.
Parte das perdas das usinas foi contábil, mas causou impacto no caixa, pois a piora nos índices de endividamento levou as companhias a quebrar cláusulas financeiras restritivas (“covenants”) nos contratos de empréstimos com os credores, que puderam assim pedir resgate antecipado da dívida ou conseguiram negociar condições mais favoráveis de pagamento.
Passada a fase mais crítica da crise, parte das perdas contábeis do fim do ano passado foi revertida ao menos parcialmente no início deste ano com a queda no dólar, que voltou para níveis em torno de R$ 1,80 a R$ 1,85 na comparação com os mais de R$ 2,50 que chegou a atingir. No total de R$ 4 bilhões estimados com as perdas estão incluídos os desembolsos de caixa extra que as empresas tiveram de fazer com derivativos que venceram e depósitos de margem.
Foram considerados não apenas as transações alavancadas, mas também as posições vendidas casadas com exportação, o chamado “hedge”, além dos empréstimos com duplo indexador, que embutiam derivativos.
Com cerca de 400 usinas em todo país, o setor sucroalcooleiro faturou aproximadamente R$ 40 bilhões na safra 2008/09, dos quais cerca de US$ 7,5 bilhões são provenientes das exportações de açúcar e álcool, segundo a Unica (Unica da Indústria da Cana-de-açúcar).