
Com o inverno, com dias secos e com ventos fortes dominando no Cerrado goiano, faz-se necessário o reforço do trabalho de prevenção e combate ao fogo na vegetação.
Afinal, seja de origem criminosa ou acidental, os incêndios colocam vidas humanas em risco, ameaçando também a fauna e a flora. Nos últimos anos, as 38 usinas de bioenergia que operam em Goiás investiram R$ 180 milhões em prevenção e combate ao fogo.
Investimentos constantes
As usinas estão em plena safra 2025/26, produzindo etanol, açúcar e bioeletricidade e as campanhas educativas alertando sobre os riscos de incêndios são frequentes, com ações realizadas com colaboradores, parceiros e comunidade.
Além disso, a tecnologia é amplamente aplicada, com equipamentos de detecção de incêndio, via sistema de monitoramento por satélite e utilização de câmeras de alta definição, instaladas em torres de observação em pontos estratégicos para detecção rápida de incêndios.
Tudo isso monitorado 24 horas e de forma online por Centrais de Incêndios Agrícola.
Vale ressaltar que muitos desses equipamentos possuem inteligência artificial, permitindo a identificação rápida e em tempo real do local do incêndio.
Brigadas
O presidente-executivo do Sifaeg/Sifaçúcar, André Rocha, destaca que as agroindústrias do setor de bioenergia juntas possuem cerca de 4.500 colaboradores atuando em suas brigadas de incêndios, contando com cerca de 700 caminhões pipa e mais de 200 veículos de apoio. “Muitas de nossas empresas associadas possuem aviões e drones para esse trabalho. Há ainda uma parceria com o Corpo de Bombeiros, prefeituras municipais e órgãos ambientais do Governo de Goiás em ações de prevenção e combate ao fogo. Importante lembrar que os focos de incêndio quase sempre começam fora dos canaviais, em áreas próximas ou margem de rodovias” finaliza.
Histórico e Impacto dos Incêndios
Histórico de prejuízos
Apesar de todos esses esforços e elevados investimentos financeiros, o fogo na vegetação tem acarretado sérios prejuízos para as unidades produtoras de etanol, açúcar e bioeletricidade. Ano passado, a região produtora Centro-Sul teve muitos canaviais destruídos pelos incêndios. Segundo o presidente da Consultoria Datagro, Plinio Nastari, o Brasil terá uma queda de 1,4% no processamento de cana em relação à temporada 2024/25, quando foram esmagadas 621 milhões de toneladas. “Foi uma safra muito impactada por incêndios e seca, que consumiram 450 mil hectares”, pontuou Nastari.
Tecnologias e Prevenção
Principais tecnologias usadas pelas usinas
- Drones com sensores térmicos e câmeras de alta resolução
- Sobrevoam áreas de plantio para detectar pontos de calor em tempo real.
- Alguns modelos têm IA que identifica focos de incêndio antes mesmo da fumaça ser visível. Isso reduz tempo de resposta para acionar as brigadas.
- Satélites e monitoramento via mapa digital
- As usinas recebem alertas automáticos com coordenadas dos focos.
- Permite rastrear histórico de incêndios por talhão.
- Torres de observação com câmeras 360°
- Equipadas com zoom óptico e infravermelho.
- Acompanham as áreas críticas com visibilidade de até 10 km.
- Monitoramento ininterrupto, dia e noite.
- Brigadas móveis com geolocalização
- Equipes especializadas da própria usina.
- Aplicativos internos mostram onde o foco está, qual a melhor rota e quais áreas precisam de evacuação ou contenção imediata.
- Veículos de combate adaptados
- Caminhões-pipa com alta capacidade (10 mil L ou mais), quadriciclos e até tratores adaptados com pulverizadores de água ou espuma.
- Alguns com sistema de nebulização para conter faíscas em áreas de alto risco.
- Aceiros digitais e sensores no solo
- Sistemas que usam dados climáticos para planejar faixas de contenção mais eficazes (os aceiros).
- Sensores de solo que detectam mudança brusca de temperatura e umidade no entorno.
- Apps para denúncia e alerta comunitário
- As usinas desenvolvem apps e canais de WhatsApp com comunidades e fazendeiros vizinhos.
- Todos colaboram na identificação de incêndios e riscos, criando uma “rede de vigilância rural”.