Mercado

Usinas investem para captar e reter talentos em seus quadros

As empresas do setor sucroalcooleiro estão adotando medidas para serem capazes de encontrar e reter talentos na área de gestão. O bom momento que o setor vive, por conta do aumento da produção de combustível limpo e da entrada de grandes investidores estrangeiros, estão levando a investimentos na profissionalização da gestão das empresas.

A Cosan, maior produtora do setor e a primeira a abrir capital na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), aposta em programas de capacitação para formar e reter talentos. “Queremos preparar as pessoas para serem promovidas e assumirem novos postos. Com o boom do mercado, haverá investimentos em tecnologia e em sistemas inovadores e os profissionais precisarão ter um conhecimento mais amplo. Além de profissionais disponíveis, devemos ter profissionais habilitados. Mas nem sempre é possível retê-los”, comenta Luís Veguin, diretor administrativo da Cosan, que na última safra empregou 37 mil pessoas.

Para incentivar a formação de seus funcionários, a empresa oferece um programa de bolsa de estudos, que cobre 50% dos custos. Atualmente, o benefício atende a 300 colaboradores e é aberto a todos – a única exigência é que os cursos estejam alinhados à estratégia da empresa. “É um instrumento de retenção e de melhoria que pode ser avaliado na produtividade do funcionário ”, completa, ressaltando a importância do programa para a baixa rotatividade da companhia .

A Cosan também está investindo R$ 450 mil para em um MBA customizado de gestão e tecnologia para 31 supervisores das áreas industrial e agrícola, potenciais gerentes da empresa. Com duração de um ano e meio, a especialização será feita em parceria com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP). O objetivo é capacitá-los em tecnologias de economia e gestão aplicadas à necessidade da empresa e reforçar habilidades de relacionamento interpessoal. “São profissionais com conhecimento técnico muito grande, mas com pouca experiência em empresas. Por isso, queremos oferecer uma formação maior em gestão e liderança. Hoje, os profissionais mais procurados são aqueles que tenham boa formação técnica e possuam uma especialização”, explica o gestor.

Falar uma segunda língua, ter boa formação técnica e de informática são outros pré-requisitos, porém, as habilidade com liderança e formação global também se refletem no setor. “Hoje nós sabemos que podemos comprar as máquinas e tecnologias, mas sabemos que precisamos motivar as pessoas a cada vez mais se prepararem, estudarem e terem condições de gerir o negócio da empresa. É importante ter o conhecimento do todo para obter melhores resultados”, afirma Veguin.

Por isso a empresa aposta no aperfeiçoamento de processos de gestão de liderança, em todos os níveis operacionais, através do desenvolvimento de atividades e técnicas de liderança, como trabalhos em equipe, simulações de situações do dia-dia e cursos vivenciais. Os resultados alcançados são remunerados por meio do Programa de Participação nos Resultados, benefício oferecido a todos os funcionários.

São Martinho

Segundo representante do setor sucroalcooleiro a vender ações, o grupo Iracema São Martinho estreou na Bovespa no último dia 12. Por esta razão, segundo prospecto da companhia, a empresa deve permanecer em silêncio por um mês, pois “qualquer declaração poderia influenciar o valor das ações da companhia antes da oferta final, causando alguma punição por parte da Comissão de Valores Mobiliários”. Segundo a companhia divulga em seu endereço eletrônico, “nos últimos anos, a empresa procurou melhorar sua política de gestão, com o objetivo de capacitar e motivar equipes. Cada colaborador passa, em média, por mais de 30 horas de treinamento por ano, entre técnicos e comportamentais. Os colaboradores são efetivos e a quantidade de safristas vem diminuindo a cada ano, isto é, há uma variação pequena de trabalhadores no quadro aproximado de 6 mil empregados entre os períodos de safra e de entressafra. A empresa também afirma adotar um Programa de Participação nos Resultados (PPR) .

Cursos

Além de cursos customizados para empresas, há cursos de gestão em agronegócio abertos a todos os profissionais da área.

“Pessoas que trabalham no agronegócio precisam cada vez mais gerenciar seu pessoal. O treinamentos são mais importantes por que hoje o mercado não se satisfaz mais com eficiência baixa. Além disso, os investimentos em biocombustíveis tem gerado uma demanda alta por pesquisas”, comenta João Mario Csillag, coordenador do curso de Gestão Estratégica do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas.