Mercado

Usinas e distribuidores discutem normas para o mercado de álcool

Usineiros e distribuidores de combustíveis se enfrentarão hoje pela manhã em audiência pública promovida pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). De um lado estarão os produtores de álcool anidro, na defesa de que pelo menos 70% do consumo doméstico do combustível seja negociado por meio de contratos. De outro, estarão os distribuidores combatendo a proposta, que está sendo apresentada pela própria ANP, sob a alegação de que esse mercado precisa ser melhor disciplinado.

O presidente da União da Agroindústria Sucroalcooleira de São Paulo (Unica), Eduardo Pereira de Carvalho, estará em Brasília decidido a defender os interesses dos associados da entidade. Ele argumenta que a responsabilidade pelo atendimento do mercado deve ser compartilhado com os distribuidores. Os usineiros, segundo informa, não querem ver no início do próximo ano a repetição do episódio ocorrido entre janeiro e abril, quando a oferta do combustível diminuiu e os preços subiram para níveis acima do que haviam combinado pelo governo.

“Sem contratos assinados, as usinas se sentirão liberadas para exportar etanol, caso a demanda volte a se aquecer”, afirmou. Carvalho lembra que o ônus da formação dos estoques de álcool para atender ao período de entressafra tem sido sempre das usinas. O setor produtivo reivindica ainda o retorno da mistura de álcool anidro na gasolina na proporção de 25%, por acreditar haver capacidade de produção para atender a essa demanda adicional. Desde 1 de março a mistura de álcool à gasolina está sendo mantida em 20%.

O vice-presidente Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alisio Mendes Vaz, contra-argumenta. Para ele, semelhante medida é inconstitucional. “O mercado é livre e não existe lei que nos obrigue a assinar um contrato para esse fim”, afirmou. Além disso, segundo Vaz, a medida não tem lógica. “Não vejo razão para mudar as regras do mercado de conbustível se há sobra do produto”.