Duas usinas da região de Araçatuba já deram início à safra 2008/09. A previsão é de um aumento de pelo menos 10% no processamento de cana-de-açúcar, em todo o Oeste Paulista, em comparação com a última safra.
Segundo a UDOP (União dos Produtores de Bioenergia), ainda não foram fechados os números da safra 2007/08, mas a expectativa é que o Oeste supere a marca de 150 milhões de toneladas de cana moída na safra que acaba de começar.
Devem ser gerados entre 150 mil e 225 mil postos de trabalho, já que para cada milhão de toneladas de cana colhida, são gerados entre mil e 1,5 mil empregos, variando de acordo com o índice de mecanização.
Os números têm como base as estatísticas da safra passada, divulgadas pela Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar). Segundo a entidade representativa dos produtores, na safra 2006/07 o Estado de São Paulo moeu 264 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, sendo que somente o Oeste Paulista moeu 105 milhões de toneladas.
Na safra 2007/08, São Paulo foi responsável pela moagem de 296 milhões de toneladas de cana. Estima-se que 137 milhões de toneladas tenham sido processadas pelas usinas do Oeste Paulista.
“No ano passado tivemos seis novas unidades que entraram em operação no Oeste do Estado. Nesta safra, 12 unidades irão entrar em operação, sendo cinco somente na região administrativa de Araçatuba. Por isso o crescimento pode chegar a 20%, ou mesmo ultrapassar esse número”, declarou o presidente executivo da UDOP, Antonio Cesar Salibe.
“Não posso afirmar esses números com certeza, porque falta o balanço de algumas unidades para fazermos o levantamento”, explicou. O mix de produção da última safra também não foi divulgado, mas sabe-se que a safra foi mais alcooleira do que açucareira.
Segundo os números finais com os resultados da safra 2007/08 divulgados pela Unica na semana passada, houve aumento de 15,64% na moagem de cana-de-açúcar na região Centro-Sul brasileira – principal produtora de cana do País, com cerca de 86% da produção nacional. O Estado de São Paulo respondeu por 68,7% da moagem de cana da região Centro-Sul.
A produção de açúcar atingiu 26,2 milhões de toneladas, 1,46% superior aos 25,8 milhões de toneladas de 2006/07. O crescimento da produção de álcool (etanol), por sua vez, foi de 26,6%, chegando a um total de 20,3 bilhões de litros. Na safra anterior, foram produzidos 16,1 bilhões de litros de etanol.
A Unica também não fez previsão para a safra que acaba de se iniciar, pois está esperando a quantificação da área a ser colhida pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), cujo trabalho está em desenvolvimento.
Moagem é antecipada na região
As usinas Equipav, instalada em Promissão, e a usina Lins (Lins) iniciaram a moagem na segunda-feira com metas de expandir a produção. A Aralco (Santo Antônio do Arancaguá) inicia a moagem amanhã.
Na última safra, a Equipav registrou um crescimento de 22% no processamento de cana-de-açúcar, atingindo a marca de 5,384 milhões de toneladas. O mix de produção foi 57% de álcool e 43% de açúcar.
O objetivo para 2008 é chegar à marca de 6,2 milhões de toneladas, aumento de 16% tornando, em produção, uma das cinco maiores usinas individuais do País.
Para 2008, o grupo Equipav terá um adicional de um milhão de toneladas, com a entrada de operação da Usina Biopav, em Brejo Alegre, totalizando 7,2 milhões de toneladas processadas no País. Além da maior produção, a unidade está investindo na mecanização das lavouras que deverá atingir 77% da área própria plantada, contra 66% na safra anterior.
A usina Lins, localizada no município de Lins, também iniciou a safra oficialmente nesta semana. A previsão é moer 1,5 milhão de toneladas, atingindo um crescimento de 22%. Deverão ser produzidos 138,7 milhões de litros de álcool. O investimento foi de R$ 30 milhões e foram gerados 900 empregos diretos, nas áreas administrativa, industrial e agrícola. A colheita deve ser 90% mecanizada.
CANA EM PÉ – Segundo o presidente executivo da UDOP, o início da safra na última semana de março deve-se ao grande número de cana em pé que restou nos canaviais. “Muita cana não foi cortada porque não havia usinas suficientes para moagem”, disse Salibe. Segundo ele, as usinas não se preparam para deixar cana em pé, já que a cana não colhida perde produtividade.
“As usinas que estão entrando em operação agora estão colhendo essa cana que deixou de ser cortada na última safra ou então cana com maturadores, pois as chuvas registradas nas últimas semanas impedem o amadurecimento da cana”, explicou. Uma única usina deixou de colher 500 mil toneladas de cana, conforme adiantou Salibe.
A safra do Oeste Paulista deve se estender até dezembro com 90 unidades em produção. Devem entrar em operação nesta safra 12 usinas, todas instaladas no Oeste do Estado, sendo cinco somente na região administrativa de Araçatuba. (Aline Galcino)