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Usinas deverão investir R$ 12,5 bilhões até 2010

As usinas de açúcar e álcool do Brasil devem fazer investimentos médios de R$ 2,5 bilhões por ano, até 2010, somando um total de R$ 12,5 bilhões em cinco anos. Esses recursos serão usados na construção de novas unidades, o que vai abocanhar 52% do total dos investimentos. Reformas e expansão de unidades já instaladas corresponderão a 36% do total a ser investido, e infra-estrutura, a 12%, segundo dados do Procana Informações e Eventos, de Ribeirão Preto (SP).

A expectativa da redução dos subsídios ao açúcar – sobretudo da União Européia, que ensaia reforma do seu regime açucareiro, – além dos projetos mundiais de redução de poluentes e energia renovável, que incentivam a produção de álcool, estimulam os atuais investimentos do setor no Brasil, afirmou Josias Messias, presidente do Procana.

O Brasil também deve se beneficiar com a vitória no processo aberto junto com Austrália e Tailândia, na Organização Mundial do Comércio (OMC), contra a política de subsídios do açúcar da União Européia. O processo está em fase de análise da apelação feita pela UE. Nos dias 7 e 8 de março, as partes serão novamente ouvidas, pelo órgão de apelação, antes da decisão final da OMC, que será anunciada 30 dias após essa audiência. Se confirmada a decisão anterior, a UE terá de reduzir suas exportações de açúcar, favorecendo os países mais competitivos.

O Centro-Sul do Brasil já tem vários projetos de expansão em curso. “Há 39 construções de usinas em andamento, dos quais 25 estão em São Paulo”, disse Messias, durante o Workshop Procana. Para a safra 2005/06, cinco novas usinas entrarão em operação, três delas em São Paulo.

Os investimentos em novas unidades estão focados em plantas de alta tecnologia. As usinas também estão priorizando as parcerias com fornecedores e arrendamentos. As novas unidades serão construídas para moer entre 700 mil toneladas e 1,5 milhão de toneladas, bem acima da média das usinas de médio porte já instaladas no país.

Messias acredita que esses investimentos podem ser alterados para cima, considerando uma possível injeção de capital estrangeiro e novos projetos de usinas.

A expectativa é de que as usinas do Centro-Sul processem 358 milhões de toneladas na safra 2005/06, 9,3% acima da safra anterior, de acordo com a consultoria Datagro. O estoque de passagem de álcool para a nova safra está estimado em 654 milhões de litros, 55% acima de 2004. No açúcar, o estoque de passagem está estimado em 821 mil toneladas.

Segundo Ângelo Bressan, diretor de cana e agroenergia do Ministério da Agricultura, o setor hoje é modelo para outros países, sobretudo para álcool. O governo brasileiro se ofereceu para dar suporte técnico aos países ACP (Ásia, Pacífico e Caribe) na reestruturação do setor açucareiro. Esses países são beneficiados pela política de subsídios da UE. (MS)