Segundo a União das Agroindústrias Canavieiras de São Paulo (Unica), o setor sucroalcooleiro está sustentado em três tripés. O primeiro é o da sustentabilidade econômica. “O setor tem de ser competitivo para que as usinas tenham remuneração”, diz Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica. Os outros dois são as gestões ambiental e social responsáveis, destaca. De acordo com ele, há uma grande preocupação do setor em expandir a área plantada sem prejuízo ao meio ambiente.
No campo social, no qual os acordos trabalhistas estão inseridos, Rodrigues garante que as usinas cumprem as determinações legais. Ele não acredita, por exemplo, que as mortes de cortadores investigadas pela Justiça estejam diretamente ligadas ao trabalho nos canaviais. A Unica planeja contratar institutos de pesquisas para acompanhar o trabalho de colheita de cana e fazer um estudo mais detalhado sobre o assunto.
Rodrigues lembra que o setor está em constante mudança e admite que, de certa forma, as denúncias são positivas para que as usinas melhorem as condições de trabalho.
João Carlos Figueiredo Ferraz, presidente da Crystalsev, que comercializa a produção de açúcar e álcool de nove usinas paulistas, diz que o setor tem de se preocupar com as questões trabalhistas e sociais. O executivo lembra que as usinas estão em evidência no exterior e que qualquer vacilo pode significar barreiras indiretas aos produtos brasileiros.
Segundo Silvio Palvequeres, presidente do Sindicato dos Empregados Rurais de Ribeirão Preto, a entidade trabalha com as usinas para intensificar o rigor dos exames médicos admissionais e discute melhores condições de trabalho. “Conseguimos, pela primeira vez, que uma usina de Ribeirão Preto servisse água gelada para os cortadores”.
Palvequeres reconhece, em contrapartida, que são poucas as usinas que mantêm cortadores sem carteira de trabalho assinada. Nas usinas, 100% dos funcionários internos têm registro. Cerca de 30% da mão-de-obra do setor no Centro-Sul é terceirizada. Desse total, estima-se que 10% não tenham registro.
O avanço da mecanização também preocupa os cortadores, que podem perder seus postos de trabalho. As áreas com colheita mecanizada no Centro-Sul respondem por 30% do total. A preocupação dos cortadores é que não há substituição de função. Poucos safristas são aproveitados para o replantio da cana. Uma lei ambiental do Estado de São Paulo determina que em 2015 toda a área de cana deverá ser mecanizada. A exceção fica para as regiões com topografias acidentadas, caso de 30% dos canaviais paulistas.