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Usinas de Pernambuco elevam aposta em açúcar refinado

As usinas de Pernambuco estão elevando suas apostas nas exportações de açúcar branco (ou refinado), uma vez que o prêmio pago para este tipo de produto tem se mostrado atraente nos últimos meses no mercado internacional. Analistas consultados pelo Valor informam que o prêmio para o açúcar branco – diferença de preço em relação ao demerara – gira atualmente em torno de US$ 70 a US$ 80 por tonelada.

A expectativa é que as exportações de açúcar de Pernambuco alcancem cerca de 750 mil toneladas nesta safra 2006/07. Desse total, quase metade (350 mil toneladas) será de açúcar branco, segundo Renato Cunha, presidente do Sindicato das Indústrias de Açúcar e Álcool do Estado (Sindaçúcar/PE). “As usinas de Pernambuco registram perdas agrícolas em relação ao centro-sul [por conta da topografia acidentada da região]. Os preços maiores do açúcar branco no mercado internacional ajudam a compensar essas perdas”, afirma Cunha.

No ano passado (janeiro a dezembro), Pernambuco ficou no topo da lista do maior exportador de açúcar branco do país, desbancando a tradicional liderança de São Paulo. No ano anterior, figurou na quarta colocação, de acordo com levantamento da consultoria Datagro.

Maior produtor e exportador de açúcar do mundo, o Brasil não tem tradição em açúcar branco. O foco do país é na produção de demerara, exportado para ser refinado no país de destino final. As exportações brasileiras totais de açúcar estão estimadas em 18 milhões de toneladas. Menos de 10% deste volume é do tipo branco.

Sérgio Wanderley, diretor responsável por açúcar da trading ED&F Man, lembra que a capacidade instalada no Brasil para a produção de açúcar refinado ainda é pequena. “Muitos países importadores de açúcar compram o açúcar do Brasil e refinam em seus países”, observa.

Conforme Wanderley, o prêmio para açúcar branco atingiu US$ 150 no fim do ano passado. A tonelada do açúcar demerara cotado na bolsa de Nova York fechou ontem a US$ 258 para entrega em maio; o tipo refinado ficou em US$ 338 a tonelada.

Até o ano passado, a União Européia era a maior exportadora de açúcar branco. Com a decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC) de reduzir suas exportações, o bloco perderá a liderança neste mercado. O Brasil será um dos favorecidos, mas dificilmente elevará suas apostas na produção de açúcar refinado para exportação, uma vez que os importadores preferem industrializar o produto, segundo analistas de mercado.

“Pernambuco já tem tradição na produção de açúcar refinado”, reforça Wanderley. O Estado é o segundo maior produtor de açúcar do Nordeste, região do país que responde por 15% da produção nacional de cana-de-açúcar.

O Nordeste deverá colher nesta safra 2006/07 aproximadamente 53 milhões de toneladas de cana. Se confirmadas as estimativas, será um salto de 7% sobre a safra anterior, de acordo com o Sindaçúcar/PE. A produção de açúcar da região ficará em torno de 4 milhões de toneladas, dos quais pelo menos 60% serão exportadas . A oferta de álcool ficará em 1,65 bilhão de litros.

A colheita de cana na região Nordeste deverá ser concluída entre o fim de fevereiro próximo e início do mês de março.