Dois meses após o início da safra de cana, usinas de Campos prevêem aumento médio de 15% na moagem, apesar do mau momento do setor sucroalcooleiro, que amarga, desde o ano passado, baixas do preço do açúcar e do etanol.
Além do incremento nas lavouras locais — que não enfrentaram os alagamentos que trouxeram prejuízos em 2006/2007 —, o setor visa a melhora do quadro geral motivada também pela diminuição da oferta mundial e o conseqüente aumento dos preços. Até o fim da temporada, em novembro, a expectativa é que 3,5 milhões de toneladas sejam processadas nas usinas locais.
Atualmente, a saca de açúcar está em torno de R$ 27 e o preço do litro do álcool é vendido a R$ 0,80, enquanto os valores deveriam girar em torno de R$ 35 e R$ 1,00, respectivamente.
No início da cadeia produtiva, os proprietários rurais também sofrem e o preço da tonelada da cana é comercializado a menos de R$ 27, apesar do crescimento contínuo nas últimas semanas.
“O lucro é, até agora, nulo. O custeio da produção não é superado pelo preço de venda. Muitos produtores estão desanimados e alguns vêm até desistindo da produção, porque não compensa, mas há uma esperança ainda no fim do túnel. A safra segue lentamente, dentro das nossas expectativas. Os produtores dão continuidade com os olhos no futuro porque os prejuízos ainda marcam o setor”, analisa o presidente do sindicato dos Produtores Rurais, José do Amaral.
O futuro, explica-se, está no Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), um subsídio ao produtor rural quando o preço de mercado está abaixo do preço de referência estabelecido pelo Governo Federal. Tal preço ainda será estipulado por fiscais da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que farão vistorias nas lavouras do Norte Fluminense previstas para as próximas semanas.
Para as beneficiadoras da cana, a melhora está no movimento do mercado internacional. Segundo o diretor da Usina Paraíso, Geraldo Hayem Coutinho, as nuvens já começam a se clarear para o setor.
“O Estado tem mais cana do que no ano passado, quando tivemos problemas com os temporais e as estradas ruins. Agora, como o preço do açúcar está muito baixo, quem plantou motivado pelo clima de crescimento de 2006 está desistindo”, constata o industrial. (Juliana Mérida)