O atual cenário de oferta e demanda de energia elétrica e perspectivas para o ano de 2015 foram discutidos por quase 30 associados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) no último dia 3/12, em São Paulo. O encontro, organizado pela entidade, contou com palestra do especialista Eduardo Peres, da empresa Agroenergia, que atua em consultoria, gestão e comercialização de energia elétrica.
Segundo Peres, 2014 começou com o nível de água nos reservatórios das hidrelétricas com 40,3% de sua capacidade e, em novembro, chegou a 15,5%, causando um aumento nos preços de curto prazo do mercado livre, o que estimulou a busca por uma geração além da prevista inicialmente pelo setor sucroenergético.
De acordo com o especialista, em 2015, há ainda grandes oportunidades para se avançar com soluções agroindustriais para o recolhimento da palha, que apresenta um potencial energético 85% superior ao do bagaço da cana-de-açúcar, mas seria essencial que o Governo Federal reconhecesse a importância estratégia dessa fonte. “Antes de despachar térmicas poluentes com custo superior a mil reais, poderíamos estimular o aproveitamento da biomassa existente nos canaviais”, avaliou o executivo.
Para o gerente em bioeletricidade da UNICA, Zilmar de Souza, em 2014, a geração da energia extraída da cana, de forma rápida, reagiu positivamente ao estímulo dos preços elevados no mercado de curto prazo, aumentando a oferta do sistema, tanto na entressafra quanto na safra sucroenergética. Segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), até o dia 25 de novembro deste ano, a fonte biomassa já tinha gerado 13% a mais do que toda sua produção de energia elétrica no ano passado.
“Algo semelhante se esperava para o ano de 2015, e o setor sucroenergético se organizava para isto, mas a redução pela metade do Preço Máximo de Liquidação de Diferenças, dos previstos R$ 861/MWh para R$ 388/MWh, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), certamente afetará os preços da energia no mercado de curto prazo e não permitirá termos o mesmo desempenho. A oferta adicional gerada em 2014 ajudou a diminuir o estresse hídrico que vivenciamos ao longo de todo o ano, e ainda proporcionou uma energia sustentável, renovável e complementar à geração hídrica”, destacou Souza.
Outro ponto comentado pelo representante da UNICA foi a importância de se manter para 2015, uma política de estímulo de contratação de bioeletricidade nos leilões promovidos pelo Governo Federal. Tempos atrás, lembrou Souza, o setor chegou a vender mais de 500 MW médios em leilões em um único ano. Em 2014, fechamos o ano com a venda de apenas 90 MW médios, isto porque foram feitos alguns avanços no modelo dos leilões, como a separação da concorrência direta da biomassa com as eólicas no chamado leilão A-5, e uma melhora no preço-teto, processo que vem ocorrendo desde o ano passado.
“Em abril de 2015, teremos o Leilão A-5, para entrega de energia a partir 2020, e o Leilão de Fontes Alternativas (LFA), para entrega de energia a partir de 2016 e 2017. Para o LFA, a fonte biomassa cadastrou 40 projetos para este leilão. Precisamos que o movimento de melhora de preço nos leilões, iniciado ano passado, mantenha-se para o A-5 e LFA em 2015. Não podemos retornar à política do “stop and go,” de melhorar as condições nos leilões e depois voltar tudo para trás. Precisamos de estabilidade e segurança para estimular novamente o retorno da bioeletricidade aos leilões regulados, de forma consolidada e contínua”, concluiu Souza.
(Fonte: Unica)