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Usinas de açúcar abraçam o biodiesel

As usinas sucroalcooleiras estão abraçando os projetos de biodiesel que começam a ser desenvolvidos no país. Um grupo de trabalho com representantes do setor participa ativamente das discussões no Ministério de Minas e Energia, que tem estimulado a criação de um programa ordenado para produção do combustível renovável no país.

Um projeto desenvolvido pela Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto (SP), mostra que a produção do biodiesel com o álcool anidro é 100% renovável, ou seja, menos poluente que o metanol, tipo de álcool com componentes químicos usado em larga escala na Europa e nos EUA.

Produzido sobretudo a partir de óleos vegetais, a oferta de biodiesel ainda é incipiente no país. Mas a produção tem o apoio dos produtores de soja e de cana-de-açúcar. Além de ser renovável, o biodiesel poderia reduzir os gastos com importação de petróleo. O Brasil importa hoje 35% do combustível para produção do diesel. A meta inicial do governo é adicionar 5% de biodiesel ao diesel – nos moldes da mistura de álcool na gasolina -, o que geraria uma economia anual da ordem de US$ 1,2 bilhão ao país. Em 2020, a expectativa é de que a mistura atinja até 20%.

“Vamos apresentar em setembro ao governo nossa proposta para o programa de biodiesel”, afirma Alfred Szwarc, consultor da Unica (entidade que reúne as usinas de São Paulo). Segundo ele, a produção do combustível pode absorver até 200 milhões de litros de álcool em uma primeira etapa.

Para o professor Miguel Dabdoub, da USP de Ribeirão Preto, coordenador do Projeto Biodiesel, as usinas de açúcar e álcool têm condições de se tornarem parceiras nesse projeto. “As usinas detêm a tecnologia para o álcool. Além disso, muitas plantas poderiam cultivar o amendoim como alternativa para rotação de cultura com a cana”, afirma. A vantagem do amendoim, segundo ele, é que o fruto tem um teor de gordura de até 50% (ou 900 litros de óleo vegetal por hectare), ante 14% da soja (ou 400 litros de óleo por hectare), por exemplo. O girassol é outra importante matéria-prima para a produção.

Com uma tecnologia desenvolvida pela USP de Ribeirão, o professor Dabdoub acredita que pode acelerar a produção de biodiesel no país. “Utilizamos uma substância química que tem o poder de reação mais rápido no processo de produção, se comparado com os modelos europeus, hoje os maiores produtores”.

Uma planta de biodiesel será instalada na usina Virálcool, de Sertãozinho (SP), sob a coordenação da USP. O empresário José Pessoa de Queiroz Bisneto, presidente do Grupo J. Pessoa, também tem interesse em construir uma planta própria para processar o combustível. “Precisamos definir em qual unidade a planta será construída e qual oleaginosa será cultivada”, diz.

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