A usina Cerradinho, de Catanduva (SP) é uma das dez usinas que aderiram a produção de sorgo sacarino como alternativa para aumentar a produção de etanol. O novo híbrido do sorgo sacarino, planta que se assemelha à cana, está sendo cultivado em 12 mil hectares no país. A planta foi desenvolvida no Brasil por 17 pesquisadores da Monsanto/CanaVialis. Somente a Cerradinho chegou a produzir 1,4 milhão de litros de etanol com a nova matéria-prima, de acordo com a Monsanto.
As pesquisas começaram em 2004 na Monsanto, mas o salto dos laboratórios para a produção de sorgo no campo e fabricação efetiva do etanol se solidificou com a participação da equipe de pesquisadores e técnicos da CanaVialis de Campinas.
Urubatan Klink, líder de pesquisa em sorgo da Monsanto no Brasil, explica que a empresa desenvolveu o híbrido de sorgo para cobrir alguns gargalos da cadeia do etanol, como suprir a demanda de frota flex e também para abastecer o mercado na entressafra da cana, quando o preço do combustível aumenta para o consumidor.
Segundo a Monsanto, se plantado entre outubro e novembro, quando começa a entressafra da cana, o sorgo poderá ser colhido até 45 dias antes do começo da safra seguinte, cobrindo, portanto, o período da entressafra. Mas Klink deixa claro que o sorgo não tem a pretensão de substituir a cana, é apenas um cultivo alternativo e complementar.
A Monsanto participa fortemente desse mercado e tem o maior banco de germoplasma de sorgo, segundo ele. “Embora já tivéssemos um trabalho forte de melhoramento genético do sorgo, não tínhamos parâmetros comerciais sobre o sorgo sacarino, daí a importância da CanaVialis”, ressalta.
Resultados
Nas pesquisas, a Monsanto e a CanaVialis, chegaram a um híbrido com produtividade esperada de 60 a 80 toneladas por hectare, 12% de teor de açúcar e entre 11% e 15% de fibra.
A cana tem produtividade média de 120 toneladas por hectare, entre 13% e 14% de teor de açúcar e até 12% de fibras. Segundo a empresaa, uma tonelada processada de sorgo produz 110 a 125 quilos de açúcar; na cana, a relação é 145 quilos de açúcar por tonelada. O custo de produção do sorgo ficou em R$ 900 por hectare, mas esse valor não inclui o preço da semente do sorgo vendida pela Monsanto. “O cultivo e o processamento do sorgo na usina requerem poucas mudanças nos equipamentos usados”, diz Klink.
Entre 2010 e começo de 2011, foram selecionadas as usinas parceiras para cultivo, e as análises nessa última fase abrangeram aspectos como o transporte, carregamento, a colheita mecânica, mas os estudos relacionados ao manejo do sorgo no campo prosseguem.
Segundo ele, uma das vantagens do sorgo é a quantidade de palha e folha, que são deixadas no campo depois da colheita, o que ajuda na manutenção da umidade da terra.