Mercado

Usinas antecipam fixação de preços

Ao contrário da estratégia adotada na safra passada, as usinas sucroalcooleiras do país estão intensificando a adoção de mecanismos de proteção de preços para fazer frente às flutuações do mercado futuro de açúcar. A expectativa é que as usinas iniciem a safra 2004/05, a partir de maio, com pelo menos dois terços dos volumes destinados à exportação já com os preços fixados, ante um terço no começo da atual safra, segundo levantamento da Job Economia e Planejamento.

A estimativa é que as exportações da atual safra atinjam 13,5 milhões de toneladas de açúcar. “Para o próximo ano, o mercado trabalha com um sentimento baixista”, observa Júlio Maria Martins Borges, diretor da Job. No mesmo período do ano passado, quando os empresários estavam mais otimistas, os mecanismos de hedging foram descartados pelas usinas, que apostavam em preços altos. A estratégia revelou-se frustrada, uma vez que as cotações caíram. “Boa parte das usinas, que não optaram pelo hedging em 2002 está mais cautelosa este ano”.

Com dez usinas de açúcar e álcool em todo país, o grupo J. Pessoa já está com 40% de sua produção protegida pelos contratos de opção, diz seu presidente, José Pessoa de Queiroz Bisneto. Mas a fixação de preços deverá ser feita no próximo ano. “Acredito que haverá recuperação dos preços no início do ano”, afirma. O grupo moerá 9 milhões de toneladas de cana, 12% acima da atual safra, que ficou em torno de 8 milhões.

Na Açúcar Guarani, com duas usinas controladas pela francesa Béghin-Say, a postura é mais agressiva. Cerca de 60% dos volumes para exportação – um total estimado em 110 mil toneladas – estão com os preços fixados, afirma Paulo José Mendes Passos, diretor da companhia. “Não convém ao grupo ficar com um volume grande a fixar”, diz. Segundo ele, a empresa calcula um rendimento médio considerado remunerador e fixa os preços para evitar oscilações negativas.