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Usina São Martinho busca novas compras

Com os preços do açúcar despencando, a São Martinho SA, maior usina do país em valor de merca do, está pronta para estudar aquisições de produtoras brasileiras em dificuldades. A produtora de açúcar e etanol estudará a compra de usinas vizinhas que possam ajudá-la a reduzir custos e aumentar a produtividade das unidades existentes, disse o CEO da empresa, Fábio Venturelli, em entrevista, na sede da empresa, em São Paulo.

Há um grande número de usinas próximas às unidades da São Martinho que forneceriam esse tipo de vantagem se forem à venda, disse ele. “A São Martinho vai sangrar menos quando todo mundo estiver sangrando por conta da gestão operacional”, disse Venturelli, que foi diretor de negócios globais da Dow Chemical antes de se tornar CEO da São Martinho, em 2007. “O setor terá de passar por uma grande consolidação para se reequilibrar”.

Investidores como o bilionário George Soros e a Bunge compraram participações em usinas de açúcar brasileiras nos últimos anos, ajudando a elevar as colheitas a níveis recordes e a empurrar os preços para baixo em mais de 50% em relação a um recorde registrado no início de 2011.

Embora a onda de investimentos no país, que é o maior produtor do mundo, tenha levado várias usinas locais a pedir mais empréstimos para manter sua participação no mercado, a São Martinho conseguiu aumentar a produção e manter o endividamento sob controle, em consonância com os ganhos.

“A São Martinho é uma referência em eficiência operacional”, diz a analista de ações do Banco Fator, Alessandra Moratti. A usina é a que tem menor alavancagem entre cinco concorrentes de capital aberto de países emergentes, com um valor de mercado acima de US$ 200 milhões e vendas acima de US$ 100 milhões. A Raízen, uma joint venture da Cosan com a Royal Dutch Shell, que é a maior processadora de cana-de-açúcar do mundo, não é uma empresa de capital aberto.

A São Martinho pretende aumentar a capacidade anual de processamento de cana-de-açúcar em 76% até2020, para 30 milhões de toneladas – atualmente a capacidade está em 17 milhões de toneladas. Este aumento terá que ser atingido principalmente por meio de fusões e aquisições, uma vez que a empresa não tem muito mais espaço para crescer organicamente. A fabricante de açúcar quase dobrou sua capacidade de 9 milhões de toneladas em 2007 após investir R$ 1 bilhão (US$ 432 milhões) nos últimos quatro anos na expansão de duas usinas, em uma uma joint venture com a Petrobras e na compra de ativos.

Sua última aquisição foi a compra, por R$ 200 milhões, de plantações de cana-de-açúcar e uma usina da Biosev SA, da Louis Dreyfus Holding BV, no ano passado. O foco da São Martinho tem sido a consolidação de aquisições feitas recentemente e a redução de custos, diz Venturelli. A dívida líquida subiu para R$ 1,51 bilhão no final de setembro, contra R$ 338,8 milhões seis anos antes. No mesmo intervalo, as vendas trimestrais mais que dobraram, de R$ 179,1 milhões para R$ 504,3 milhões.

“Com novos entrantes, os antigos partiram para crescer também, e alguns acabaram entrando em uma crise financeira e foram substituídos por novos donos”, disse Venturelli, sem citar possíveis alvos. “A partir do ano que vem, mais gente começa a reconhecer que vai precisar vender ativos”.