A partir da safra 2010/2011, os produtores brasileiros de etanol poderão comercializar sua produção entre si, de acordo com resolução da Agência Nacional de Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o que deve contribuir para reduzir a volatilidade de preços do produto junto ao consumidor final.
De acordo com Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), esta medida vai permitir que empresas mais capitalizadas comprem o produto das empresas menores para armazenar para a entressafra. Desta forma, estas empresas maiores poderão evitar uma oferta expressiva de etanol durante a safra, fazendo com que os preços caiam para abaixo do custo de produção, e forte alta na entressafra. “Esta medida será mais eficaz que os programa de armazenagem do governo para equilibrar o mercado e reduzir a volatilidade”, diz Pádua.
Em 2009, em função da crise de liquidez, muitas usinas acabaram desovando sua produção durante a safra, o que levou os preços do etanol a caírem para um nível abaixo do custo de produção durante cerca de dez meses. Nos dois meses restantes, o etanol subiu de forma expressiva e tornou a gasolina mais competitiva no tanque dos carros flex. “Com esta possibilidade, iremos tirar o excesso de oferta durante a safra e garantiremos mais oferta de etanol durante a entressafra”, afirma.
A medida da ANP equalizou uma diferença tributária entre compra e venda de etanol que havia entre produtores que inviabilizava este tipo de transação. Na mesma resolução da ANP também consta item que permite que os produtores possam vender etanol em filiais fora das usinas. Na prática, a medida permitirá que as usinas vendam etanol em lugares mais distantes. “Uma usina paulista poderá vender etanol no Rio Grande do Sul em uma filial a preços mais competitivos que via uma distribuidora”, disse.
Parceria
O Brasil propôs à China uma cooperação trilateral entre os dois junto a países da África para o cultivo e desenvolvimento do etanol durante a visita ao país asiático do enviado brasileiro do setor energético, André Amado, que terminou hoje.
Amado propôs aos responsáveis chineses do setor um projeto de colaboração no qual o Brasil poderia fornecer sua tecnologia, a China o capital e os países africanos interessados entrariam na parceria com terras de cultivo. O Brasil já tem acordos deste tipo com os EUA (os cultivos nesse caso se situam no Caribe) e com a União Europeia em países africanos.