A Usina Cucaú de açúcar e álcool, do Grupo EQM, será a primeira empresa pernambucana a negociar créditos de carbono no mercado internacional. Essa negociação será feita pela Econergy International Corporation, empresa especializada em serviços de energia limpa, com sede nos Estados Unidos e escritório no Brasil. O contrato entre a Econergy, representada pelo seu vice-presidente Marcelo Junqueira, e o presidente do Grupo EQM, Eduardo de Queiroz Monteiro, foi assinado no final de julho.
A usina, através da co-geração de energia com bagaço de cana, participa do projeto chamado MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. Esta é uma medida estabelecida pelo Protocolo de Kyoto para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e promover o desenvolvimento sustentável em países subdesenvolvidos. A Cucaú obteve o registro das Nações Unidas para operar com o “Cucaú Bagasse Cogeneration Project”, nome dado ao projeto que utiliza o bagaço da cana para produzir energia, já aprovado no Brasil pelo Ministério de Ciência e Tecnologia.
O MDL permite que países desenvolvidos invistam em projetos (energéticos ou florestais) de redução de emissões e utilizem os créditos para diminuir suas obrigações.
No caso da Usina Cucaú, a energia gerada através de co-geração, utilizando o bagaço da cana como combustível, emite menos poluentes do que a energia proveniente do petróleo, o que representa menos carbono na atmosfera. Com isso, ela receberá os “créditos de carbono”, que poderão ser comercializados no mercado com outras empresas, principalmente em países que são poluidores e que não adotaram sistemas para redução de poluentes e que, por isso, precisam pagar para quem está adotando projetos ecológicos.
Há uma série de critérios para reconhecimento desses projetos, como estarem alinhados às premissas de desenvolvimento sustentável do país hospedeiro, definidos por uma Autoridade Nacional Designada (AND). No caso do Brasil, tal autoridade é a Comissão Interministerial de Mudança do Clima. Somente após a aprovação pela Comissão é que o projeto pode ser submetido à ONU para avaliação e registro. Os dados de junho indicam que, dos 38 projetos brasileiros registrados na ONU, 28 são de usinas de cana-de-açúcar e desses, 23 são gerenciados pela Econergy.
O contrato assinado entre o Grupo EQM e a Econergy tem validade até 2012 e é retroativo a 2001, quando a Usina Cucaú começou a vender o excedente de energia produzida com a queima do bagaço de cana na sua linha de produção para a NC Energia. No total, a empresa terá, até o final de 2006, 27.248 mega watts de energia vendidos, que equivalem a 10.490 toneladas de carbono.
A Cucaú também desenvolve o Projeto de Gesso Agrícola (GAR), para uso no cultivo de cana de açúcar, e o Projeto Controle do Processo de Clarificação do Caldo, na produção do açúcar.