A cena não é das mais comuns para esta época do ano: até há poucos dias, cortadores, máquinas e caminhões da Destilaria de Álcool de Ibaiti (Dail), no Norte Pioneiro, ainda trabalhavam no corte da cana-de-açúcar. Somente na semana passada foi que a indústria encerrou a moagem de quase 1 milhão de toneladas do produto da safra 2007/08.
A colheita deveria ter sido encerrada ainda nos primeiros dias de setembro do ano passado, mas o excesso de matéria-prima em plena entressafra obrigou a usina a manter os trabalhadores no campo e as máquinas ligadas até o final de janeiro.
Mas a “esticada” da safra ainda é motivo de preocupação para a diretoria da empresa, já que o calendário do segmento prevê o início da safra 2008/09 para março ou abril. Assim, explica o diretor de comercialização da Dail, Paulo César Bueno, o fato de a empresa ainda ter oferta velha, e de ela ainda ser crescente, pode significar problemas.
Mesmo tendo um razoável estoque de álcool, Bueno espera que a Dail não vá adiar o início da moagem de cana nova. “Ficamos com quase 300 mil toneladas de cana sem moer – entre dezembro e janeiro –, mas mesmo assim pretendemos começar a colher a próxima safra ainda em março”, garante.
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Porém, a tarefa da Dail não será tão fácil assim. Além da tradicional dificuldade em desovar os estoques, o mercado atual do setor está próximo de uma crise. A oferta cresceu, o preço do álcool recuou e as usinas terão que trabalhar com estoque novo daqui a 60 dias. No caso da Dail, explica Paulo Bueno, problemas climáticos impediram que a usina concluísse a colheita dos 17 mil hectares de cana-de-açúcar até dezembro.
Para a próxima safra, a usina espera produzir e moer 1,5 milhão de toneladas do produto, o que significa uma produção de cerca de 90 milhões de litro de álcool. Para isso, desde a última segunda-feira, operários, engenheiros e técnicos se apressam em dar manutenção aos equipamentos. “Nossa usina está toda desmontada. Estamos trabalhando em três turnos para deixar tudo pronto até março”, explica o diretor.
Bueno explica que os adiamentos da safra de cana estão chamando mais a atenção neste ano devido às antecipações promovidas nas últimas temporadas. A estratégia, segundo o diretor, ganhou força a partir de 2003, por conta da sucessiva alta do preço do álcool em entressafras de magros estoques. “Por isso, o mês ‘oficial’ de reinício dos trabalhos agora será abril, e não mais maio e junho.”
A Destilaria de Álcool de Ibaiti é uma das cinco grandes usinas do Norte Pioneiro. A empresa emprega cerca de 1,5 mil trabalhadores e prevê abrir para a próxima safra, pelo menos, mais 500 vagas no setor de produção. (Marcos Martins)
