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Usina Estivas registrou produção recorde

A Usina Estivas, unidade do grupo pernambucano Tavares de Melo, vai fechar a safra 2002/2003 com produção recorde de açúcar e álcool, nos 34 anos de história de administração da agroindústria pelo grupo. A fabricação de açúcar saltou de 2,8 milhão para 3,4 milhões de sacos, enquanto a produção de álcool registrou crescimento de 64%, passando de 14 milhões para 23 milhões de litros. A preparação para esta safra, que deve ser concluída até o final do mês, consumiu R$ 10 milhões em investimentos.

O diretor superintendente da usina, Maurício Tavares de Melo, explica que o desempenho foi motivado pelo bom regime pluviométrico durante a safra, além da melhoria no sistema de manejo e investimentos em irrigação. Dos 20 mil hectares de área cultivada com cana-de-açúcar na usina, 50% já utilizam sistema de irrigação suplementar ou de salvação, diz, frisando que o índice pluviométrico ideal para produzir sem irrigar seria de 1.500 mm de chuvas bem distribuídas/ano.

Na tentativa de dar continuidade ao programa de melhoramento das práticas agrícolas, a Estivas fechou parceria, este mês, com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) para produzir variedades de cana-de-açúcar mais adaptadas às condições climáticas da região do agreste potiguar, onde está localizada a usina. A idéia é que as variedades estejam disponíveis para uso comercial nos próximos dois anos.

O trabalho denominado Obtenção de mutantes em cana-de-açúcar visando a criação de um banco de germoplasma (reserva genética), está sendo desenvolvido por especialistas da Estivas e por pesquisadores da UFRN, que também integram o projeto nacional Genoma da Cana-de-açúcar. O projeto está orçado em R$ 288,8 mil, sendo R$ 69,3 mil patrocinados pela usina.

Maurício Tavares de Melo diz que a expectativa é que o projeto promova um aumento de 20% na produtividade da cana e de 10% a 15% na produção industrial do açúcar. `Hoje a produtividade média é de 57 toneladas de cana por hectare e nossa meta é chegar a 72 t/ha dentro de mais três ou quatro anos`, calcula. Já o rendimento industrial atinge 102 quilos de açúcar por tonelada de cana.

Novas variedades

Hoje, a Estivas tem cerca de 100 variedades em teste no campo, mas apenas sete são utilizadas comercialmente. Desse total, três se adaptaram melhor às condições do campo (RB-72454, SP-791011 e SP-811143).

Segundo o diretor superintendente, o trabalho está dividido em duas vertentes. A primeira delas é propiciar o aumento de variedades genéticas adaptadas. Esta parte do trabalho será realizada em laboratório, em casas de vegetação e posteriormente no campo da Usina Estivas. O maior período da pesquisa, em torno de um ano, será realizado em laboratório com o desenvolvimento de mudas melhoradas geneticamente. A professora Cristiane Macedo, coordenadora do Departamento de Biologia Celular e Genética da UFRN, explica que a técnica é completamente natural e não tem nenhuma associação com a transgenia.

Nós estaremos apenas aumentando a velocidade do processo que acontece naturalmente. Vamos utilizar substâncias presentes na natureza que vão promover modificações no DNA das plantas. Além disso, a própria passagem in vitro já induz mutações, menciona a professora. As plantas transgênicas usam uma técnica completamente diferente, pois recebem genes modificados.

A outra vertente do trabalho é a clonagem de mudas. Atualmente, a Estivas utiliza variedades de mudas, que são obtidas em outros estados. Essas mudas, através da técnica de micropropagação realizada in vitro, serão multiplicadas. Os clones têm a mesma conformidade genética das mudas iniciais e serão repassadas para a Estivas, contribuindo para aumentar a oferta disponível para o plantio.

(Gazeta Mercantil)

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