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Usina Enersugar inicia sua primeira safra em junho

Planta recebeu investimentos da ordem de R$ 100 milhões

Usina Enersugar inicia sua primeira safra em junho

Tudo pronto e em fase de testes: a Enersugar começa a sua primeira safra no início de junho, após oito anos sem funcionar. Localizada em Ibirarema, na região de Assis/SP, em uma área de pouco mais de 42 alqueires de terras, a planta foi adquirida pelos produtores de cana, os irmãos Dirceu e Dorival Finotti e Sylvio Ribeiro do Valle Mello Jr. e foi totalmente reformada, recebendo investimentos da ordem de R$ 100 milhões, com participação de investidor americano.

Com capacidade instalada de 2,2 milhões de toneladas, a usina deverá moer nesta temporada um milhão de toneladas, tendo 80% da matéria-prima destinada à produção de açúcar e 20% para de etanol. Além disso, irá produzir 33 MW de energia elétrica.

“Pretendemos criar um polo de desenvolvimento na região e manter um relacionamento comercial que valorize o produtor e traga cana de qualidade para a usina”, explica Sylvio, que foi presidente da Associação Rural dos Fornecedores e Plantadores de Cana da Média Sorocabana (Assocana). Ao lado dos irmãos Finotti, o produtor integra o Conselho Administrativo da nova empresa, que tem como CEO, o executivo Nelchiades Terciotti.

Nesta entrevista exclusiva para o JornalCana, Sylvio conta mais sobre a Enersugar:

Sylvio Ribeiro do Valle Mello Jr

Quanto foi investido na nova usina?

Na aquisição e projeto de recuperação das instalações com utilização dos mais modernos e eficientes equipamentos existentes foram investidos R$ 100 milhões. A usina tem parceria com um investidor internacional, que já possui outros investimentos no Brasil.

Qual é a capacidade de processamento da usina?

Hoje, a capacidade instalada é de 2,2 milhões de toneladas, mas já temos planos de aumentar para 3,5 milhões de toneladas em até quatro anos. Nesta primeira safra vamos moer um milhão de toneladas de cana, com mix mais açucareiro, sendo 80% da matéria-prima destinada à produção de açúcar e 20% para de etanol. Na reforma foram feitos ajustes para a fabricação mínima do biocombustível devido à crise de demanda e preços. E vamos produzir também, 33 MW/h de energia elétrica, equivalente a capacidade da Hidrelétrica Canoas II, entre Palmital e Andirá, aqui na região.

Quantos empregos serão gerados?

Já temos contratados 420 funcionários diretos, sendo 200 na área administrativa e industrial e o restante na agrícola. Isso vai gerar 1600 empregos indiretos na região.

A crise de demanda e preços provocada pela pandemia e guerra do petróleo alterou o início das atividades na usina?

A inauguração estava prevista para o mês passado, mas devido ao atraso da entrega de alguns materiais, como aço, material elétrico, entre outros, houve atraso. Mas, ao mesmo tempo, foi bom, pois podemos nos dar o luxo de começar mais tarde e pegar um período melhor de ATR.

 Vocês têm canaviais próprios?

Sim, 40% do canavial é próprio, o restante da matéria-prima será entregue por fornecedores da região ligados à Assocana, mas estamos fechando novas parcerias com outros fornecedores para que também se associem e aproveitem os benefícios oferecidos pela associação.

Falando em parcerias, a intenção é manter um relacionamento comercial diferenciado com o fornecedor de cana?

Pretendemos criar um polo de desenvolvimento na região e manter um relacionamento comercial que valorize o produtor e traga cana de qualidade para a usina. Com isso, a usina consegue melhores condições com a venda dos produtos e nos dá uma folga para melhorar a vida do produtor. Assim, vamos negociar e pagar a matéria-prima oferecendo melhores condições, ou seja, estamos criando um plus, portanto, vamos pagar o Consecana e um prêmio acima desse valor.

Sobre os fornecedores da Assocana, quais as expectativas para esta safra?

Os canaviais estão enfrentando problemas na região por conta da seca que vem se intensificando na região. Para se ter ideia, dá para atravessar o rio Paraná a pé devido à estiagem. Por isso, estamos prevendo uma queda ao redor de 10% na produção e isso também nos preocupa, pois não sabemos se teremos matéria-prima para atingir o processamento de um milhão de toneladas.

Para o futuro, a usina também quer se beneficiar com o RenovaBio?

No momento estamos renovando todas as licenças da usina e assim que possível, iremos procurar a certificação do RenovaBio, pois acreditamos muito no setor, na elevação do preço do petróleo, na volta da demanda, nos bons preços do açúcar e da energia e na valorização do etanol, bem como a volta da economia aos bons tempos.