Mercado

Usina Batatais inicia safra da região de Ribeirão Preto

A Usina Batatais deu o “start” da safra 2008/09 na região de Ribeirão Preto, nesta segunda-feira (31), e prevê o processamento de 3,43 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, 6% a mais do que no ano passado. A colheita dos 40 mil hectares de área plantada deverá terminar no dia 26 de novembro.

A produção de álcool está prevista em 124,6 milhões de litros, volume 8% superior ao da safra 2007/08, quando foram produzidos 135 milhões de litros do combustível. Já a produção de açúcar, 100% destinada ao mercado externo, deverá alcançar 5,32 milhões de sacos de 50kg, 10% a mais do que em 2007 (4,84 milhões).

A Usina Batatais é uma das 29 unidades associadas à Copersucar – Cooperativa de Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo. Nesta safra, cuja colheita será 65% mecanizada, a unidade contará com 2,3 mil colaboradores, divididos nas áreas agrícola (1,95 mil), industrial (220) e administrativa (130).

A outra fábrica do grupo, em Lins, foi a primeira a iniciar a moagem de cana na região Centro-Sul. A empresa, que está na sua segunda safra, prevê processar 21,95% a mais do que em 2007, passando de 1,23 milhão de toneladas para 1,5 milhão.

IEA

A previsão de aumento da moagem em 6% na Batatais está abaixo da média prevista para São Paulo, que é de 8%. De acordo o Instituto de Economia Agrícola (IEA), o estado deverá processar 354 milhões de toneladas de cana, contra 327 milhões do ciclo 2007/08.

Mesmo com a inauguração de treze novas usinas até o final deste ano – segundo informação da Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar) -, o aumento de produção será menor no Estado, em comparação ao crescimento da safra 2007/08, que foi 15% superior ao ciclo de 2006.

Estratégia flex

De acordo com o presidente da Usina Batatais, Bernardo Biagi, a estratégia de crescimento da produção da unidade está alinhada ao desempenho do mercado de carros flexfuel, que no início de março alcançou 5 milhões de unidades vendidas no País, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

O desempenho da economia brasileira e a conseqüente queda das taxas de juros estimularam as vendas de veículos, que cresceram 28% em 2007. O setor prevê crescimento de 18% neste ano. As vendas carros flex respondem por 86% do total no país.

Bernardo afirma, no entanto, que o aumento da produção nacional de álcool tem causado um efeito indesejado ao setor produtivo, que se vê obrigado a reduzir o preço do produto e, conseqüentemente, diminuir sua margem de lucro. “O excesso de otimismo gerou uma corrida pelo aumento de produção. Isso, aliado ao câmbio desfavorável para exportação, não é bom para o produtor”.

Exportação

Segundo o presidente da Datagro, Plínio Nastari, para os próximos sete anos o mercado mais importante para o etanol será o doméstico. “Exportações de etanol crescerão, mas de maneira modesta”, disse o consultor.

Em 2006, as exportações brasileiras de etanol registraram crescimento, porém, no ano seguinte, caíram para 3,8 bilhões de litros. Este ano, segundo Nastari, os envios do combustível para o mercado devem cair novamente, para 3,4 bilhões de litros.

Consumo

O consumo de etanol no Brasil atingiu em 2007 um recorde de 16,7 bilhões de litros. Este ano, deve crescer aproximadamente 2,9 bilhões de litros, seguindo um aumento nas vendas de carros flex.

Os preços dos combustíveis, tanto gasolina quanto álcool, estão mudando hábitos e estatísticas. De acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) o mercado nacional de álcool poderá superar o de gasolina já em abril, caso sejam mantidos os atuais preços.

Pela primeira vez, desde o auge do ProÁlcool nos anos 80, o mercado do etanol poderá superar o da gasolina. Em janeiro, a diferença entre o consumo dos dois combustíveis foi de apenas 49 milhões de litros. Para se ter uma idéia, em janeiro de 2007 a diferença era de 432 milhões de litros.

A gasolina sem adição de álcool respondeu por 1,515 bilhão de litros consumidos, contra 961 milhões de litros de álcool hidratado, usado em veículos movidos a álcool ou flexfuel. Já a produção de anidro (misturado à gasolina na proporção de 25%) foi de 505 milhões de litros.

Reajuste fóssil

A mudança de cenário também se desenha pela informação do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que não descarta a possibilidade de reajuste da gasolina e do diesel em 2008.

Segundo a Carta de Conjuntura Econômica, elaborada pelo órgão, o preço da gasolina no Brasil está 20% defasado em relação ao preço médio do mercado internacional. A Petrobras não modifica os preços da gasolina e do diesel desde setembro de 2005.