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Uniduto busca parcerias para construção de alcoolduto em SP

A Uniduto, conglomerado formado por 12 grandes grupos do setor sucroalcooleiro do Brasil que operam 81 usinas, que trabalha no projeto de construção de um alcoolduto de 600 quilômetros de extensão ligando Sertãozinho, no interior de São Paulo, até o porto de Santos, pode se associar a outras empresas que também possuem projetos de dutos, em busca de sinergia. A informação é do presidente da Uniduto, Sérgio Van Klaveren.

Segundo ele, o projeto de duto da Brenco, por exemplo, que percorre um trajeto similar ao da Uniduto, ou o projeto da Equipav, com dutos que correm em paralelo ao Rio Tietê e é complementar ao projeto da Uniduto, são potenciais parceiros. “Estamos abertos a negociações de parcerias que tragam ganho de escala ao nosso projeto”, disse ele.

Recentemente, o diretor de logística da Brenco, Adriano Dalbem, também afirmou que a empresa está aberta para possíveis parcerias, principalmente no trecho entre a região de Paulínia e o porto de Santos, que tem um trajeto semelhante tanto no projeto da Uniduto como na Brenco.

Quando concluído, o alcoolduto da Uniduto deverá transportar 21 bilhões de litros por ano. Orçado em R$ 1,8 bilhão, a construção do duto está marcada para ter início em abril de 2010 e entrar em operação na safra 2011/12. Neste primeiro ano de funcionamento, o duto deve transportar de 6 bilhões a 7 bilhões de litros de etanol.

“Estamos iniciando a captação de recursos para a operacionalização do projeto. Em breve divulgaremos o nome dos bancos que farão o project finance para levantar os recursos necessários”, disse. Segundo ele, as empresas que são sócias devem bancar até 30% do projeto e o restante dos recursos será levantado pelo project finance.

Van Klaveren disse que a Uniduto também está aberta para novos sócios produtores e, eventualmente, a sócios financeiros. Ele ressalta, contudo, que o sócio financeiro tem que ter um perfil de investimentos em infraestrutura, que possui um longo prazo de retorno. “O ideal seria um fundo de investimento ou fundo de pensão que já está acostumado a lidar com retornos a longo prazo”, disse.

POTENCIAL. Os sócios produtores deverão responder por 60% da carga do duto enquanto 40% do potencial deverá atender a demanda do mercado. “Os sócios terão garantia de transporte de etanol mas não terão diferencial tarifário. Os ganhos dos sócios virão dos dividendos das ações”, disse. Atualmente, quatro grandes grupos – Cosan, Crystalsev, Allicon e Copersucar – detém 78% da Uniduto.

O projeto da Uniduto prevê a construção de 600 quilômetros de dutos ligando a região de Sertãozinho, no interior paulista, até um porto off shore na costa de Santos. “Este porto off shore ficará a seis quilômetros da costa e será automatizado. Os tanques de armazenamento, com capacidade de 400 milhões de litros, ficarão no continente”, disse. Segundo ele, nesta região portuária, o processo de licenciamento ambiental teve início em setembro de 2008.

No interior paulista, haverá três pontos de coleta de combustível. O primeiro será em Juquitiba, que possui acesso aos modais rodoviários e ferroviários, devendo receber produto vindo do Mato Grosso do Sul. O segundo ponto de coleta será em Conchas, que tem acesso à hidrovia Tietê/Paraná, com possibilidade de escoamento de produto do Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e norte de São Paulo. “É nesta região que uma sinergia com a Equipav pode acontecer”, disse.

O terceiro ponto de coleta será em Sertãozinho, que possui acesso aos modais rodoviário e ferroviário. “Este seria um ponto importante de escoamento de etanol produzido em Goiás, Minas Gerais e na região de Ribeirão Preto”, explica.

Segundo Van Klaveren, os três modais se encontrariam em Hortolândia, em base concentradora. Desta base sairiam dois ramais para as regiões consumidoras, um para Paulínia, e outro para a cidade de São Paulo, que terá uma base próxima a Taboão da Serra. “Esta base atenderá o mercado consumidor expressivo da capital paulista”, disse. De Taboão, o duto seguirá para o porto de Santos.

Klaveren disse também que embora os dutos sigam até o porto, uma reversão de tendência que leve a uma redução nas exportações de etanol no médio prazo não inviabiliza o projeto. Segundo ele, atualmente quase a totalidade do etanol exportado já vem de sócios da Uniduto. “Além disso, os dutos também levarão etanol para os grandes centros consumidores do mercado paulista, onde está concentrada a maior frota de carros flex do país”, disse.

O executivo também citou o fato dos portos serem utilizados para levar o etanol até o Norte/Nordeste via cabotagem. Segundo ele, o potencial de transporte de etanol via cabotagem atinge 6 bilhões de litros anuais. “A vantagem econômica da cabotagem é enorme e o duto vai deixar ainda mais barato esta operação”, disse.

O executivo disse que o custo de utilização do duto para o usuário ainda está em modelagem mas, com certeza, apresentará uma vantagem econômica muito grande em relação ao transporte rodoviário. “Se não houver esta vantagem, o duto não se viabiliza como instrumento de logística”, disse.

Van Klaveren ressalta que os investimentos no duto são semelhantes àqueles feitos na expansão do próprio etanol e visam o longo prazo. “Estamos trabalhando em uma questão mais abrangente, que envolve a mudança da matriz energética. Os problemas atuais de curto prazo não estão afetando o projeto”, disse.

Depois de terminada a construção da linha principal do duto, a Uniduto deverá partir para a construção de ramais secundários que levem os pontos de coleta para mais próximo dos grandes produtores. Ao mesmo tempo, a empresa quer investir no mercado de armazenagem de etanol. “Existe muita oportunidade de investimentos na área de armazenagem neste momento e é importante ressaltar que a Uniduto não é uma construtora de dutos mas uma empresa de soluções logísticas”, disse.