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Unica faz considerações sobre a visita de Bush ao Brasil

Em comunciado a imprensa sobre a visita oficial do presidente americano George W. Bush, a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) informa que:

1) Vê o etanol combustível como o mais importante substituto da gasolina nos dias de hoje e deve ter sua produção estimulada no maior número possível de países.

2) O estímulo à produção de etanol é muito importante nas Américas, até porque todos os países do continente têm condições de produzi-lo, seja a partir da cana-de-açúcar, seja a partir do milho ou de outras fontes.

3) Muitos países do continente são dependentes do petróleo importado. Os países do Caribe também enfrentam o impacto da mudança do regime do açúcar europeu, o que limita as suas exportações. É preciso encontrar outros usos para a cultura da cana. Nesse caso, o etanol permitiria não só o desenvolvimento de um novo negócio, como a redução da dependência do petróleo importado e a exportação de excedentes.

4) Uma parceria entre Brasil e Estados Unidos é um caso de ganha-ganha: os EUA investem numa imagem positiva, geopoliticamente interessante, enquanto o Brasil avança em sua meta de criar um mercado internacional de etanol e transferir o seu know-how.

5) A expectativa é que a assinatura dos protocolos entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e George W. Bush, dos Estados Unidos, pavimente o caminho para a eliminação de tarifas de importação de etanol e para a criação de um mercado internacional do produto. A tarifa norte-americana de 54 centavos de dólar por galão não é um impedimento à exportação brasileira, mas é uma barreira ao livre mercado.

6) Conceitualmente, a Unica defende o livre mercado, e não vê sentido em que a importação de etanol, um combustível limpo e renovável, seja penalizada, enquanto a de petróleo, um produto fóssil, esteja livre de taxas.

7) Em termos de pesquisa, a parceria é interessante no desenvolvimento de etanol de celulose, num primeiro momento e, a longo prazo, na pesquisa do uso do etanol como matéria-prima para a produção do hidrogênio para aplicação em células de combustível.

8) Com essa parceria, o Brasil pode se beneficiar não só com a venda de etanol, mas também de tecnologia e serviços para outros países. Além disso, os Estados Unidos poderiam facilitar o acesso do Brasil ao crédito em organismos internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Mundial (Bird), alavancando a infra-estrutura e a logística.

9) A parceria para o desenvolvimento da produção e uso do etanol pode também trazer benefícios ambientais para as Américas, com a redução da emissão de poluentes nas cidades, trazendo melhoria da qualidade de vida. A redução da emissão de gases causadores do efeito estufa é um outro benefício de grande importância, colaborando, dessa forma, para a diminuição do aquecimento global.

10) O Brasil não pretende competir com os produtores de milho dos Estados Unidos, mas sim ser fornecedor complementar de etanol. Afinal, os EUA têm como meta substituir 20% do consumo de combustíveis fósseis em 2017, o que representa demanda de 132 bilhões de litros de etanol. Esse volume é quase três vezes a produção mundial atual, de cerca de 50 bilhões de litros, praticamente impossível de ser obtido com a tecnologia convencional baseada na conversão do milho. O desenvolvimento de novas tecnologias para a produção de etanol, como a gaseificação de biomassa e o álcool de celulose, ainda vão levar pelo menos dez anos até se tornarem viáveis em termos comerciais, o que deverá estimular a parceria como Brasil.